SALMOS 18:46 ORAÇÃO PARA DESTRUIR OS CÃES-DEMÔNIOS

Shaar HaPessukim, Livro dos Salmos - Seção 18:

 

בְּנֵי־נֵכָ֥ר יִבֹּ֑לוּ וְ֜יַחְרְג֗וּ מִֽמִּסְגְּרֽוֹתֵיהֶֽם

 

Bnei Nechar Yibolu Veyachregu Mimsgeroteihem”

 

 

 

Os filhos do estrangeiro desfalecerão e sairão tremendo das suas prisões” (II Samuel 22:46; Tehilim 18:46).

Este versículo foi escrito no Livro de Shmuel (Samuel), e nele há algumas pequenas diferenças entre o texto de Samuel e o de Tehilim (Salmos), como será explicado. O assunto é o seguinte, com base numa introdução sobre o tema das Qlipot (cascas impuras).

Sabe que as Qlipot são compostas de macho e fêmea, e  delas se originam dois tipos de forças, ambas representadas pela letra hei (ה):

  • A primeira corresponde aos chamados mazikin (espíritos nocivos, demônios machos);
  • A segunda corresponde aos shedim (demônios, espíritos femininos).

Com isso, serão esclarecidos os ditos do Zohar, que à primeira vista parecem contraditórios entre si. Pois no Zohar, na porção Vayetze, no Sifra deTzniuta, dá a entender que o resplendor da espada flamejante que se revolve (referência à espada de fogo do Éden) é Lili-th, a fêmea de Sama-el, e esta é a espada do Anjo da Morte.

Já na porção Pekudei, nos Heichalot HaTumah (Palácios da Impureza), dá a entender o contrário: que os machos são os assassinos, e são eles que empunham a espada, enquanto os que vêm do lado feminino são os sedutores, com palavras suaves, como está escrito: “Mais macia do que o óleo é sua fala” (Tehilim 55:22), mas eles não matam.

E tudo é verdade, como se esclarecerá.

Sabe que no início, as forças que derivam do lado feminino descem e seduzem, instigando e tentado o homem a pecar, pois o poder da sedução reside apenas nas fêmeas, originadas de Lili-th. Como está escrito: “Pois o mel escorre dos lábios da mulher estranha (Mishlei/Provérbios 5:3).

Esses são chamados shedim (demônios), pois sua intenção é se conectar com o homem, seduzindo-o e levando-o ao pecado, mas não causam dano direto.

Porém, depois que o homem se deixa seduzir por eles, então se unem as forças masculinas, chamadas mazikin, que empunham a espada para ferir e matar o homem. Pois assim é a natureza do mundo: os machos fazem a guerra, e não as fêmeas.

Conclui-se que, no aspecto da sedução, o papel principal é das fêmeas, como vemos no caso dos bezerros de Yeravam (Jeroboão), pois a bezerra foi colocada em Dan, e todo o povo se inclinou mais para ela do que para o bezerro macho, que estava em Beit El, como mencionado no Zohar.

E assim, quando o principal é feito pelas fêmeas, então os machos se unem a elas, e se associam a elas na sedução, e depois matam o homem. E depois, no momento do domínio deles sobre o homem para matá-lo, então o principal é dos machos, mas também as fêmeas se associam a eles. E assim se justificam as palavras dos dois ensinamentos mencionados anteriormente.

E eis que Davi, o rei, abençoada seja sua memóriano versículo mencionado, orava para que eles fossem eliminados e desaparecessem do mundo. Contudo, a palavra "filhos" (בני) aparece duas vezes: uma explicitamente no texto, ao dizer “בני נכר יבולו (os filhos do estrangeiro desfalecerão); e a segunda, nas iniciais das palavras בני נכר יבולו (Bnei Nechar Yibolu) formando a sigla בנ"י. Os elementos explícitos no versículo se referem aos machos, e os ocultos nas iniciais (rashei teivot) se referem às fêmeas. Assim ele orou para que todos os bnei nechar (filhos do estrangeiro), que são as forças das Qlipot provenientes do macho e da fêmea, todos desfalecerem.

E o assunto é este: como já te expliquei, assim como o macho e a fêmea da santidade são férteis e se multiplicam, contendo o masculino (מ"ד, MAD, mayin decharim, águas masculinas, excitação superior masculina) e o feminino (מ"ן, MAN, mayin nukvin, águas femininas, excitação superior feminina), da mesma forma, correspondem a eles o macho e a fêmea das Qlipot, dos quais se originam todas as forças das Qlipot, tanto machos como fêmeas, que são Sama-el e Lili-th.

E é sabido que a excitação espiritual da parte da santidade corresponde ao Nome de Hashem, especificamente י-ה-ו-ה escrito com o preenchimento com as duas letras Hê (ה) assim: יוד הה וו הה que vale 52, e este nome é chamado ב"ן (Ben) que vale 52, pois Beit vale 2 e Nun vale 50. Da mesma forma, o מ"ן MAN (águas femininas) da Qlipá são chamados כ"ל"ב, (Kelev que é cão) que tem o mesmo valor numérico de ב"ן (Ben). Sobre isso foi dito: "das mãos do cão, salva a minha alma única" (Tehilim 22:21).

E sobre estes é que Davi orou, dizendo: "Bnei Nechar Yibolu", pois estes são os MAN מ"ן a excitação femenina da Qlipá, chamados filhos da Qlipá, ou nechar (estrangeiro). E também o MAD מ"ד a excitação do macho da Qlipá, que igualmente são chamados filhos, todos eles desfalecerão.

A diferença entre o livro de Shmuel e Tehilim:

No Sefer Shmuel, que é do nível de Nevi'im (aspecto masculino), a oração se concentra nos machos (Águas masculinas), indicados explicitamente na palavra “bnei”, mas inclui indiretamente as fêmeas (águas femininas) nas letras iniciais.

Ele disse: "que esses filhos murchem", querendo dizer:

No útero da mulher há um recipiente que recebe o sêmen masculino (MAD águas masculinas), bem como retém as MAN (águas femininas) dela.

Este recipiente é associado à guevurá, pois o fundamento (yesod) da fêmea vem das severidades.

O significado é o seguinte:

Já foi explicado que as próprias MAN (águas femininas) são o Tetragrama de Hashem (י-ה-ו-ה) escrito de forma que equivale a 52 "Ban" (ב"ן), ou seja, com o prenchimento da letra HÊ. E o recipiente no qual essas águas femininas estão depositados na mulher são chamados Ayin-Bet Kadam (ע"ב קד"ם), que tem o valor numérico de 216 (רי"ו), pois é a gematria de Gevurah, como te dissemos que o Yesod (útero) da fêmea vem das Gevurot (severidades).

Portanto, a sua excitação (águas femininas) foram insinuadas nas iniciais (Roshei Teivot) de בנ"י (Bnei) E o recipiente dessas águas que é o útero, foram insinuados nas letras finais (Sofei Teivot) das palavras בנ"י נכ"ר יבול"ו,  veja que há um Yod, Reish e Vav formando o valor 216 (רי"ו, 216), que é Gevurah. Por isso o recipiente está insinuado nas letras finais, pois ele é a dimensão receptora que contém dentro de si essas águas femininas mencionadas, tornando-se a vestimenta final que as inclui.

Este recipiente, o útero, é como a letra mem  ם fechada que possui duas “portas” (מסגרות). A oração de Davi era que esses MAD (Águas Masculinas) caíssem fora do útero, como sêmen desperdiçado, não sendo absorvidos nem construindo nada.

E mesmo se alguma gota entrar no recipiente dela, elas sairão e serão expelidas do recipiente. Isto é, elas serão quebradas e destruídas da estrutura do útero, que é o recipiente da mulher, e sairão para fora.

Como é sabido, o útero tem suas câmaras, portões, travas e chaves. Por isso foi dito "ממסגרותם mi-misgerotam(de suas molduras/estruturas)" – isto é, das estruturas deles, pois o útero é comparado à mem fechada (ם סתומה), como é sabido ou seja, que eles serão expulsos e destruídos daquelas molduras que pertencem à mem fechada que é o útero da mulher. Mesmo que já tenham entrado ali, não se edificarão mais, e sua construção será destruída de dentro dele.

Dessa forma, o principal da oração era pelas gotas masculinas (MAD) explicitadas. E de forma indireta, ele também rezou pelas femininas, que estão ocultas nas iniciais, como foi mencionado.

Por isso você verá que as iniciais das duas palavras "ויחרגו ממסגרותיהםYachregu Mi-misgeroteihem (e sairão de suas molduras) são vav-mem (ו"מ), e as letras finais também são mem-vav (מ"ו).

Isso corresponde ao milui (preenchimento) do Tetragrama com a letra Yod, do nome Ayin-Bet (ע"ב), que corresponde às MAD (águas masculinas).

Dessa forma aqui: יוד הי ויו הי que vale 72, ou seja Ayn-Bet.

Porém, no livro dos Salmos, que pertence aos Escritos, que corresponde à Nukva (feminino), chamada Ruach Hakodesh (Espírito Santo), como é sabido, o foco principal da oração foi pelas MAN (águas femininas), e essas são as explicitadas. E de forma indireta, ele também incluiu os masculinos nas iniciais. Por isso há uma mudança:

Veja II Samuel 22:46  (בְּנֵ֥י נֵכָ֖ר יִבֹּ֑לוּ וְיַחְגְּר֖וּ מִמִּסְגְּרוֹתָֽם) e compare com Tehilim 18:46 (בְּנֵי־נֵכָ֥ר יִבֹּ֑לוּ וְ֜יַחְרְג֗וּ מִֽמִּסְגְּרֽוֹתֵיהֶֽם)

 Vamos analisar:

"ויחרגו" Veyachregu (eles sairão) – diferente de "ויחגרו" Veyachgeru (eles se prenderão), como está escrito no livro de Samuel. Também mudou a forma: em Samuel está escrito "ממסגרותם" Mi-misgerotam(de suas molduras), em Tehilim  está "ממסגרותיהם" Mi-misgeroteihem(de suas molduras, com um acréscimo de Yod e Hê).

A explicação é a seguinte:

O termo "יבולו" (eles murcharão) no livro dos Salmos significa que os MAN (águas femininas) dentro do recipiente da mulher irão desgastar-se, corromper-se e apodrecer, e não serão mais adequadas para concepção. Também é possível interpretá-lo no sentido de "cairão" – isto é, no momento em que sobem para receber as MAD (águas masculinas), cairão dali.

Disse ainda:

"ויחרגו ממסגרותיהם" Yachregu Mi-misgeroteihem(e sairão de suas molduras) – o termo "ויחרגו" vem da expressão "חירגא דיומא" Hirga de-yoma — no sentido de “serrados, finamente cortados”, como uma serra cortando luz — reduzidos a nada, tornando-se como "zero", “como poeira” — Hirga de-yoma é uma expressão aramaica para raio solar cortante.

A ideia é que eles se partirão como o corte mais fino da madeira – ou seja, serão refinados até se tornarem extremamente finos, até o ponto de se tornarem insignificantes.

E disse "ממסגרותיהם" Mi-misgeroteihem (de suas molduras), com um "י״ה" YOD-HÊ extra em relação ao que foi dito em Samuel ("ממסגרותם")Mi-misgerotam. A explicação é que esses MAN (águas femininas), dentro da moldura e do útero, se estragarão e não se conectarão com os MAD (águas masculinas), que são chamados "י״ה" (as letras do Nome Divino).

E como não se conectarão, certamente se perderão e se corromperão.

Além disso, a palavra "ממסגרותיהם" Mi-misgeroteihem também contém as letras que formam "מ״ה" (mem-hei), o que alude ao Nome Divino Ma”H (מ”ה) – ou seja, as águas masculinas do preenchimento dO Yud He Vav He com alefins, cujo valor é 45, escrito dessa forma: יוד הא ואו הא

Portanto, a ideia é que as femininas (nukva) não se unirão aos masculinos (zachar), que são o Nome Divino Ma”H que vale 45, e por isso as femininas se corromperão, representadas pelo Nome Divino Ba”N (ב”ן) que vale 52 (respectivamente Zeir Anpin ve'Malchut).


RAV YOSEF DE LA REINA E OS CÃES DO INFERNO


O Rabino Yosef De-La Reina viveu no século XV, possivelmente na Espanha ou no Norte da África, em uma época permeada por intenso anseio messiânico. Adepto da “Cabala prática” — Qabalah Ma'asit —, sua tentativa malograda de apressar a Gueulá (Redenção) deixou marcas profundas, não só em sua geração, mas também nas que a sucederam. Essa narrativa atravessou séculos pela tradição oral, tanto entre as comunidades judaicas da Diáspora quanto na Terra de Israel, até ser registrada por Rabino Avraham ben Eliezer ha-Levi em sua obra A Epístola do Mistério da Redenção - Iggeret Sod ha-Ge'ullah (Jerusalém, 1519). Em Tzfat, os grandes cabalistas olharam com severidade para o ousado empreendimento de De-La Reina. Para eles, tratava-se de um gesto perigoso, que violava fronteiras sagradas e poderia conduzir a calamidades coletivas e à ruína espiritual do indivíduo. 

Os círculos místicos ligados ao ensinamento do Arizal (Rabino Yitzchak Luria) expressaram uma condenação ainda mais severa. Segundo o testemunho de seu discípulo, o Rabino Chaim Vital, seu mestre revelou que Yosef De-La Reina havia sido reencarnado como um cão negro — punição por seu envolvimento com a Cabala prática e por ter caído na idolatria (Sefer HaGilgulim, cap. 46, p. 809a; ver também Sefer HaHezyonot, 1511).

Reunindo cinco talmidim le’ne’emanim (discípulos fiéis), versados também nos segredos da Qabalah Ma'asit: “Estou decidido a utilizar os segredos da Torá para erradicar as sitra achra (forças do Outro Lado), libertar Israel de seus opressores. e trazer o Mashiach” Ele os instruiu a se purificarem, abster-se de toda intimidade e preparar alimento apropriado. No terceiro dia, foram ao Beit Midrash, aproximaram-se do mestre e o encontraram prostrado, com a cabeça entre os joelhos — posição associada à yichudim (unificações divinas) e à concentração de orot (luzes) superiores.

Então, Rav Yosef tomou especiarias aromáticas — remez (alusão) à elevação do ruach — e prendeu à cintura um sefer de escriba, símbolo do pacto com a luz da Chochmah.

Dirigiram-se a Meron, ao Kever do Rashbi — Rabino Shimon bar Yochai, de abençoada lembrança — onde permaneceram a noite inteira imersos no estudo do Sod da Torá. Durante aquele luz da noite, Rav Yosef Della Reina adormeceu por um breve instante, e em sonho, foi visitado pelo próprio Rashbi. Este lhe perguntou:

“Por que te entregas a uma missão tão árdua, que excede tua capacidade de sustentação?”

Rav Yosef respondeu com pureza: "HaShem conhece a retidão de minha kavanah.”

Rashbi, então, o abençoou com sucesso. Tal revelação, vinda do autor do Zohar HaKadosh, evidencia o altíssimo nível espiritual de Rav Yosef — não era um imitador, mas um verdadeiro mekubal, receptáculo de ruach haKodesh. Na manhã seguinte, partiram para Tiveria, a um campo aberto. Jejuaram o dia inteiro, ocupados com yichudim elyonim — unificações dos Nomes Divinos — e evitaram qualquer contato visual com pessoas ou animais, fixando seus olhos apenas nas aves do céu, símbolo das neshamot elevadas. Entre as kavanot, realizaram múltiplas tevillot no mikveh, buscando desprender-se do peso da materialidade e elevar-se ao domínio da kedushá. Ao entardecer, durante a tefilat Minchá, ao chegarem à súplica “Shema Koleinu” da Amidá, inseriram o “Anenu” — fórmula reservada para invocações extraordinárias. A força dos yichudim e da devekut foi tamanha que conseguiram atrair a presença de Eliyahu HaNavi, zachur latov.

Eliyahu apareceu e perguntou com severidade luminosa: “Por que utilizastes tais fórmulas para me chamar?” Rav Yosef, com temor e zelo sagrado, prosternou-se e respondeu: Kina leKevod HaShem — estou inflamado pelo zelo da honra do Santo, Bendito seja. Suplico: revela-me o caminho para subjugar o Satán e fortalecer a Sitra de Kedushá.”

Eliyahu HaNavi respondeu com voz flamejante: “Saiba, o que estás prestes a realizar é de uma dificuldade suprema. As Qlipót geradas pelas transgressões e impurezas são poderosas demais para que as domines com tuas próprias forças. Sem um acréscimo de Kedushá, jejuns e imersões constantes, tu fracassarás — e o Satán poderá ceifar tua vida. Tuas intenções são puras e bem-vindas nas Alturas se tiveres sucesso. Mas meu conselho é que interrompas aqui, pois não tens ainda o poder necessário para subjugar a Sitra Achra.”

Mas Rav Yosef Della Reina, com mesirut nefesh (autodoação da alma), replicou: “Por favor, meu mestre, não me desencoraje. Fiz um juramento: não retornarei ao meu lar até que erga a Shechinah do pó.” Então, Eliyahu HaNavi, contemplando sua determinação, revelou-lhe o próximo passo da senda secreta e temível:

“Tu e teus discípulos deveis isolar-vos nos campos por 21 dias, num local que jamais foi habitado por homem algum. Durante esse tempo, não comereis senão para manter a vida, reduzindo gradualmente as porções a cada noite. Acostumai vossos sentidos ao aroma das especiarias, para purificar a mente e abrir os canais para falar com os Anjos Celestiais que invocareis. Deveis também mergulhar no mikveh 21 vezes por dia — correspondente à guematria de ‘Ehyeh’ (אהי"ה). Após esses 21 dias, jejuareis por 3 dias e 3 noites. No terceiro dia, após Minchá, realizai os Yichudim do Nome de 42 Letras, conforme o saberdes, com Talit, Tefilin e rostos cobertos. Com isso, invocareis o Anjo Sandalfon com seu exército para que se manifeste.”

Aqui é necessário abrir um sha'ar (portal) de compreensão.

O Anjo Sandalfon (cujo nome não deve ser pronunciado levianamente) é o Sar (Príncipe) que governa o mundo de Assiyah — o plano mais inferior da criação. Contudo, como ensina o Etz Chaim, esse Nome também se projeta no mundo de Yetzirá, pois todo anjo é um reflexo de sua raiz superior. Sandalfon é o orquestrador da ascensão das preces e o entrelaçador dos mundos inferiores com os superiores.

“Quando eles vierem,” continuou Eliyahu HaNavi, “revigorem vossos corpos com os aromas das especiarias, pois vossas forças vacilarão diante do fogo temível de sua presença. Lançai-vos ao solo e recebei-o com temor e submissão. Suplicai ao Anjo Sandalfon que vos fortaleça. Logo ele vos perguntará por que o invocastes e o que pretendem realizar. Sua voz será como o estrondo das rodas celestes, e por sua imensidão, vossas Almas sairão de vossos corpos — tamanho será o temor e a fraqueza. Então, implorai-lhe novamente que vos conceda força e o dom da palavra. Ele vos instruirá sobre o caminho a seguir, pois é Sandalfon quem barra o Satán nos limiares da santidade, e conhece os pontos ocultos onde se pode ampliar a Kedushá para vencer a Sitra Achra.”

Assim que Eliyahu HaNavi se retirou como um raio que retorna ao trono celeste, o Rav Yosef Della Reina reuniu seus discípulos fiéis. Sem vacilar um momento, seguiram todas as instruções com precisão absoluta — dia e noite — sem permitir que qualquer distração os tocasse.

Chegado o tempo de Minchá do terceiro dia — após os 21 dias de preparação — envolveram-se completamente com os Tefilin e os Talitot, cobrindo também suas cabeças. Cada vez que o Nome Inefável Yud He Vav He era pronunciado, suas mentes se fundiam com a essência daquele Nome, operando Yichudim Elyonim, unificações superiores.

Ao concluírem a Tefilá, lançaram-se com o rosto em terra, e em seguida se ergueram para pronunciar o Viduy — a confissão dos próprios pecados e dos pecados de Israel. Esta foi uma purificação final, um esvaziamento do ego e da impureza, para preparar os vasos (kelim) para receber a revelação do mundo superior.

Após o Viduy, ergueram suas vozes aos céus com toda a força que lhes restava na carne e no espírito, e clamaram:

"Aneinu, Elohei HaMerkavá, Aneinu!"

Fizeram então os Yichudim secretos do Nome de 42 Letras — o Ana Bekoach— conforme os ensinamentos que receberam de Eliyahu HaNavi. E eis que, ao selarem a última unificação, os céus se abriram, e surgiu o Anjo glorioso Sandal”phon, montado em carruagens flamejantes e cavalos de fogo, rodeado por legiões ardentes de Anjos — um fogo devorador preenchia todo o campo.

Rav Yosef Della Reina e seus discípulos tremeram até os ossos. Prostraram-se com os rostos ao pó, sem alento, com o coração derretido de temor. Tentaram aspirar os aromas das especiarias sagradas, como instruídos, e recuperaram um pouco da vitalidade, mas ainda assim estavam mudos, pois o sopro da Presença Celestial (Ruach Elohim) os havia deixado.

Então Sandal”phon falou: "O que quereis, vermes do pó? Quem vos deu permissão para abalar os mundos superiores e inferiores? Recolhei-vos em vergonha, antes que sejamos forçados a consumir-vos com nosso hálito flamejante!" Rabbi Yosef Della Reina, com voz fraca e trêmula, respondeu: "Anjo sagrado de HaShem, como pode este servo falar diante de tua majestade? Estou sem alento, como um morto diante de ti; tão grande é o meu pavor..." Sandal”phon, movido por compaixão, tocou-o e disse: "Levanta-te e fala, pois te devolvi a força." Disse ele então: "Shalom alecha, Malach HaShem, e paz sobre teus exércitos sagrados. Rogo-te: fortalece-me para cumprir minha missão — não por minha honra, mas pelo Nome de HaKadosh Baruch Hu. Desejo guerrear contra o domínio do Amaleq espiritual, da Sitra Achra, e apagar seu nome de sob os céus. Mostra-me o que devo fazer para banir o domínio da impureza da Terra."

Ao ouvir estas palavras, Sandal”phon respondeu: "Tuas palavras são retas, e que o Eterno esteja contigo! Nós, os Anjos e todas as hostes celestiais, todos aguardamos com anseio a vingança pela honra profanada de HaShem." "Mas saiba: tudo o que realizaste até agora é apenas um prelúdio, pois quem poderá prevalecer contra o poder vasto do Samech Mem e suas legiões?" Como está escrito nas alturas, a tarefa de extirpar a Tumah do mundo está reservada ao Melech HaMashiach.  Então, falou o Malach: “Se soubesses até onde Samech Mem e suas legiões se ergueram, não ousarias enfrentar tal abismo. Pois quem poderá prevalecer contra ele, senão o Kadosh Baruch Hu, quando chegar a hora de cumprir Sua Palavra? Vim por respeito ao Grande Nome que pronunciastes. Mas mesmo eu não posso desvendar o segredo da ascensão e queda do Samech Mem. Tal conhecimento está oculto com o grande Malach Ach”tiel e suas legiões, e com Metat”ron, Sar HaPanim. Quem poderá suportar tamanha presença? Se diante de mim já tremes, como resistirás àqueles cuja luz queima como o sol de Ein Sof? Ainda assim, se lograres tal façanha, tua santidade será incomparável, e nenhum ser poderá estar à tua sombra.”

Rabi Yosef respondeu com humildade e coração quebrado: “Sou jovem e indigno, mas minha alma deseja ser korban diante do Kadosh, por amor à Shechiná. Ensina-me como invocar Ach”tiel e Metat”ron, e como elevar a Kedushá, ampliar a Tahará e quais Shemot usar para chamar os Malachim Sagrados.” Disse então Sandal”phon, o Malach da oração: “Escuta e que HaShem esteja contigo. Purifica-te por mais 40 dias com jejuns, tevilot e pensamentos santos. Que tua mente não se desvie nem por um instante. Diminui o alimento até que o corpo quase se esqueça de sua existência. Inala as especiarias sagradas, pois elas sustentam a Neshamá. Ao fim dos 40 dias, com Kavaná profunda, pronuncia o Shem HaMephorash de 72 letras. Então, Ach”tiel e Metat”ron virão com suas hostes. Suplica ao Kadosh Baruch Hu por força, pois o fogo destes Malachim pode consumir-te. Se seguires tudo, eles te ensinarão a subjugar o Samech Mem e apagar sua marca do mundo. Que o Santo, Bendito Seja, te ajude e te proteja de todo mal.”

Com isso, o Malach Sandal”phon e suas legiões ascenderam aos céus em coluna de fogo e vento. Os talmidim ainda estavam prostrados sobre a terra, cobertos com seus Talitot, estremecendo de temor sagrado. Quando a presença do Malach se retirou, o Rav ergueu-se e proclamou: “Apressai-vos, meus filhos! Fortalecei vossas almas! Cumpriremos tudo conforme nos foi ordenado pelo Malach Sandal”phon!”

Deixaram então o campo sagrado e se dirigiram ao deserto, próximo à montanha de Meron. Ali se assentaram em uma caverna, conforme as instruções celestiais recebidas. Durante mais 40 dias, desligaram-se completamente da corporeidade, dedicando-se à tahará, à hitbodedut e ao tikun ha’nefesh.
 O grupo, fiel aos comandos sagrados, não omitiu um único detalhe. Desvincularam-se totalmente do Olam HaGashmi (este mundo), e ao completarem os 40 dias, saíram ao ermo, à nascente do Nachal Kishon. Ali prepararam-se para a oração sagrada de Minchá, a tefilá onde os portais celestiais se entreabrem.

Traçaram um igul (círculo) no solo consagrado e entraram unidos, de mãos dadas, formando uma roda de unidade e temor. Com coração em chamas e Kavaná suprema, pronunciaram o Shem HaGadol de 72 letras, chamando pelos Malachim: Ach”tiel e suas legiões, e Metat”ron, Sar HaPanim, com suas miríades. No instante em que o Grande Nome foi pronunciado, eis que desceram Ach”tiel com seus exércitos de luz, e Metat”ron com seu rosto flamejante, rodeado por chamas e cânticos sem fim. O Rav e os talmidim, ainda de mãos entrelaçadas, caíram com o rosto em terra, tomados por um temor que diluía toda matéria. Nem por um instante romperam o círculo ou soltaram as mãos.
Com a elevação do véu entre os mundos e a descida dos Malachim de esplendor, Ach”tiel e Metat”ron, ecoaram palavras nos quatro ventos como chamas:

“Quem és tu? Onde está o homem que ousou erguer o Cetro Real e chamar-nos com o Nome Terrível e Oculto?” Rabi Yosef Della Reina, ao contemplar tal visão, caiu como um que dorme profundamente, seu rosto tocando o pó da terra, como se sua neshamá houvesse sido desfeita em cinzas. Ele e seus discípulos jaziam como vasos vazios, consumidos pelo temor da Presença. O Malach Metat”ron então estendeu o dedo e tocou o Rav. Sua voz, que era como mil shofarot soprando juntos, bradou:

“Fala, gota imunda de sêmen! Qual é esta urgência que nos arrastou até este mundo de escuridão e forma?” Yosef Della Reina balbuciou: “Que poderá dizer este servo quebrado diante dos Malachim puros e flamejantes? Dai-me força, pois sou como pedra inerte, e minha neshamá já se ergueu para fora de mim.” Então Ach”tiel, como quem planta luz nas trevas, estendeu a mão, tocou-lhe o coração e disse: “Eu te fortaleço. Fala.”

Rav Yosef abriu os lábios e da profundidade de seu espírito brotou a súplica: “O Kadosh Baruch Hu é testemunha que não invoquei os Nomes Sagrados com falsidade, mas somente com o desejo de glorificá-Lo. Malachim que servem diante do Trono, pelo Nome de força e esplendor, rogo-vos: revelai-me onde reside a força do Samech Mem. Como posso derrubá-lo? Qual é o caminho para desarraigar sua raiz?” Os dois Malachim, com vozes unidas que tremiam o espaço, responderam:
“Tua petição é temerária. Se soubesses a força que o Samech Mem recebe das transgressões de Israel, desistirias. Nenhum é mais poderoso nos mundos da impureza. Ele habita entre as estrelas, seu trono está rodeado por três Qlipot como fortalezas. Não há como abatê-lo, a não ser que o próprio Kadosh Baruch Hu Se levante no tempo determinado.”

Mas Rabi Yosef persistiu. Então, com um silêncio que caiu como o véu do Kodesh HaKodashim, os anjos se entreolharam. Metat”ron disse: “Teu desejo, tua sabedoria e os segredos que te foram confiados do Alto nos obrigam a mostrar-te o caminho — ainda que a hora não tenha chegado. Pois está escrito:
 וְֽאִם־תְּעֽוֹרְר֛וּ אֶת־הָאַֽהֲבָ֖ה עַ֥ד שֶׁתֶּחְפָּֽץ
 Ve’im teoreru et ha’ahavah ad shetechafetz — Não desperteis o Amor até que ele deseje (Shir HaShirim 3:5). Mesmo assim, escuta, pois não recusaremos tua demanda." Ach”tiel então começou a desvelar o mistério:
“À minha frente, onde habita o Samech Mem, erguem-se duas barreiras: Uma é um muro de ferro que vai da terra até os céus e nenhuma lâmina pode cortá-lo; A outra, é um abismo de água.” E Metat”ron completou com voz envolta em neve e gelo: “Do meu lado, o caminho está fechado por uma montanha de neve eterna, cujo cume perfura os céus."
 
Vide que essa é uma referência às Três Qlipot que são icorrigíveis.

Então os Anjos o instruiram: “Escutai com grande kavvanah. Para derrubar as três grandes barreiras e dissolver os véus que protegem o trono do Samech Mem, segui estas instruções ocultas, seladas com os segredos da Merkavah. Quando deixardes este lugar, dirigi-vos a Har Se'ir, a montanha onde o Julgamento dorme. Lá, nós, Ach”tiel e Metat”ron, subiremos antes de vós e tomaremos posição no cume. Tudo o que operardes em baixo, nós replicaremos no Alto, pois o reflexo inferior desperta a ação superior (Ma’aseh Lemata, Orah Lemala). Permanecei em santidade como estais agora. “No caminho, sereis interceptados por uma horda de cães negros — sombras enviadas pelo próprio Samech Mem para confundir e dispersar vossas mentes. Não temais! Pronunciai com kavanah o Shem Kadosh de 52 o Shem que é raiz de ‘Kelev’ (כלב), e os cães fugirão como fumaça ao vento sagrado.
“Chegando ao monte, encontrareis a primeira barreira: uma massa de neve que alcança os céus. Meditai sobre o Sod (mistério) do passuk: ‘הֲבָאתָ אֶל־אֹצְרוֹת שֶׁלֶג’ — ‘Acaso penetraste os tesouros da neve?’(Iyov 38:22) — e a montanha tremerá. Em seguida, concentrando-vos no versículo ‘שֶׁלֶג בְּצַלְמוֹן’ — ‘Neve em Tzalmon’ (Tehillim 68:15) — a montanha desaparecerá como vapor diante do Nome.”

“Avançando, encontrareis o oceano. Proclamai o passuk: ‘הָבוּ לַה' בְּנֵי אֵלִים’ — ‘Tributai a HaShem, ó filhos dos poderosos’ (Tehillim 29:1). Então, diante de vós estará o terceiro véu: o muro de ferro que une a terra ao céu. Tomai uma faca consagrada e gravai nela: ‘חֶרֶב לַה' וּלְגִדְעוֹן’ — ‘Espada para HaShem e para Gideon’* (Shoftim 7:20). Com a lâmina sagrada, abri uma brecha no ferro. Passai todos por ela, sem deixar que se feche até o último dos vossos esteja seguro. Quando todos tiverem cruzado, o portão se selará atrás de vós. Atravessando todas as barreiras, chegareis ao próprio Har Se'ir.”

Nesse ponto, a voz de Metat”ron tornou-se como o som do grande Shofar do fim dos tempos: “Naquele momento, lançaremos o Samech Mem de seu trono. Ele será entregue em vossas mãos. Preparai com antecedência duas placas de chumbo. Sobre a primeira, gravai o Shem HaKadosh que vos foi revelado. Sobre a segunda, inscrevei o versículo de Zechariah 5:8:
 ‘וַיֹּאמֶר זֹאת הָרִשְׁעָה וַיַּשְׁלֵךְ אוֹתָהּ אֶל־תּוֹךְ הָאֵיפָה, וַיַּשְׁלֵךְ אֶת־אֶבֶן הָעוֹפֶרֶת אֶל־פִּיהָ’.
Va-yomer: zot ha-rishá; va-yashlékh otá el toch ha-eifá; va-yashlékh et even ha-oferet el piha.

“Ali encontrareis o Samech Mem e Lil”ith, rainha do Sitrá Achrá, disfarçados como dois cães negros — macho e fêmea. Não temais. Colocai sobre o macho a placa com o Shem HaKadosh, e sobre a fêmea a placa de chumbo com o versículo. Então levareis Samech Mem e Lil”ith ao julgamento em Har Se'ir. E então soará o grande Shofar, e o Mashiach se revelará em luz clara. Mas atenção! Fazei tudo exatamente como vos foi revelado. Vossa porção será imensurável se tiverdes êxito. Não quebreis a kavanah nem por um instante sequer. E quando Samech Mem e Lil”ith chorarem e suplicarem por água ou alimento, não escuteis. Não deis ouvidos às suas palavras. Eles são engano puro. Que o Kadosh Baruch Hu vos guarde e vos conduza no caminho da Redenção."

E assim, os Malachim celestiais, como relâmpagos de mundos ocultos, elevaram-se aos Céus. Sem hesitar, o Rav e seus alunos prepararam-se conforme as instruções dos Anjos e partiram rumo ao Har Se'ir, o Monte do Julgamento.

No caminho, uma horda de cães negros, como sombras da Qlipá, correu em sua direção. Mas eles concentraram-se no Nome Sagrado de 52 letras, cujos segredos derivam da sefira Malchut e que compartilha a gematria de "Kelev" que é cão. Ao pronunciar este Nome com Kavaná pura, os cães se dispersaram como fumaça diante da Luz. Prosseguindo, encontraram uma montanha coberta de neve, tocando os Céus como o Har Sinai oculto em inverso. Ao meditarem no segredo de "הֲבָאתָ אֹצָרוֹת שֶׁל שָׁלֶג – Havota otzarot shel sheleg" (Jó 38:22), a montanha tremeu. Quando concentraram-se no versículo “שֶׁלֶג בְּצַלְמוֹן – Sheleg b’Tzalmon”, a montanha se desfez como se jamais houvesse existido.

Dois dias depois, chegaram diante de um oceano cujas ondas tocavam os céus. E com a Kavaná no versículo “הָבוּ לַה’ בְּנֵי אֵלִים – Havu LaShem Bnei Elim” (Tehillim 29), o oceano se retraiu.

Ao final, defrontaram-se com a parede de ferro — a última Qlipá, a separação entre os mundos. O Rav empunhou a faca gravada com Cherev LaShem u’LeGid’on e cortou a parede com força. Todos atravessaram, mas o último discípulo hesitou, e sua perna ficou presa. O Rav, com misericórdia e zelo, abriu novamente o portão de ferro com a faca sagrada e o resgatou.

Subiram então ao cume de Har Se’ir. Entre ruínas ancestrais, ouviram o latir das bestas. Entrando numa estrutura caída, viram dois cães imensos — o macho e a fêmea, encarnações de Samech Mem e Lili”t, vestes animalescas das forças demoníacas. Saltaram sobre o grupo com intenção de devorá-los vivos, mas o Rav, com os dois pratos de chumbo nas mãos — um com o Shem HaMeforash, outro com o versículo de Zechariah rapidamente amarrou-os com cordas santificadas. Quando a amarração foi feita, suas formas mudaram: tomaram feições humanas, porém com asas cobertas de olhos flamejantes.

Eles imploraram por comida e água, mas o Rav, lembrando-se das advertências angélicas, negou. Lili”t chorava, Samech Mem gemia, e com grilhões de chumbo e santidade, foram conduzidos como cordeiros ao sacrifício. O Rav exclamou: “Quem imaginaria que capturaríamos as forças do Sitra Achra?”. Mas então, o engano sutil do Abismo falou. Samech Mem suplicou por um cheiro de especiarias, e o Rav, com compaixão, ofereceu um pouco do incenso. Foi neste instante que o engano se revelou: Samech Mem exalou uma centelha de fogo de sua boca, queimando o incenso e as especiarias sagradas inclusive as que estavam no bolso do Rav. A fumaça profanada penetrou suas narinas e rompeu os grilhões, lançando ao chão os pratos sagrados.

Ele rugiu demôniaco, e o som matou dois discípulos instantaneamente. Outros dois perderam a razão, possuídos pela escuridão. Somente o Rav e um aluno restaram, exaustos, envoltos por densa escuridão. Um eco celeste rasgou os céus:
 “אוי לך, יוסף! אוי לנשמתך! – Ai de ti, Yosef! Ai de tua Neshamá! Tu não cumpriste o que te foi ordenado. Ofereceste incenso ao Sameach Mem, e este foi um culto estranho, um avodah zarah! Por isso, ele te perseguirá deste mundo... e do Mundo Vindouro!”

A presença da Shechiná se retirou. O Har Se’ir soltou fumaça como no tempo de Sodoma. O Rav e seu aluno sepultaram os dois mártires. Os outros dois se perderam para sempre, consumidos na escuridão do Sitra Achra. O fracasso da missão selou um novo decreto nos mundos superiores. O nome de Yosef Della Reina ficou marcado.

Após o fracasso de sua missão contra Samech Mem e Lili”th, após ter ouvido da Bat Kol (Voz Celestial) que perdeu este mundo e o Mundo Vindouro, algo nele quebrou. Desesperado, acreditando que já não havia mais teshuvá (arrependimento) possível para ele, Yosef Della Reina fez um pacto com Lili-th, a Rainha das Trevas, e tomou-a como esposa.

Ele profanou tudo que era puro. Usava os Nomes Sagrados de Hashem para causar dano, manipular realidades e satisfazer seus desejos mais baixos. Não havia limite para sua degradação. Toda noite, ele invocava espíritos, demônios, shedim e forças impuras para servi-lo. O que antes era santidade virou feitiçaria. O que antes era luz virou trevas.

Passou a se cercar de mulheres e prazer, chegando ao ponto de tomar para si a esposa do rei da Grécia. Usando seus poderes, fazia com que a rainha fosse trazida até ele todas as noites em segredo, retornando-a ao palácio ao amanhecer por meios sobrenaturais. Até que, certa manhã, a rainha disse ao rei:
“Toda noite, um homem me leva até ele… contra minha vontade. Não sei como, nem por onde… mas volto sempre pela manhã.”
(Texto Chaim Apsan retirado de A Epístola do Mistério da Redenção - Iggeret Sod ha-Ge'ullah, com acrescimos do autor deste blog)


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