MUNDO DE NEKUDIM - SONHO COM O NAVIO (VESSEL)

 5, outubro, 2020


Havia um mar azul como o Caribe e um luxuoso e moderno navio branco de cruzeiro ancorado que também era como se fosse um submarino. E via os passageiros subindo uma escada dupla automática na aparência de um vórtice que dava para o interior do navio e a seguir se comportavam cada qual em poltronas. Eu e outras pessoas estávamos do lado de fora numa parte não tão rasa do mar nos divertindo na água e eu tinha um bilhete para adentrar lá também. E o navio não partia de jeito nenhum e fiquei me perguntando o porquê disso, quando me vi sobre algo que parecia uma proa branca gigante sobre as águas na parte superior do navio (então, na verdade, a água pouco rasa na qual estávamos era essa proa), e ela era totalmente diferente de um navio convencional. Me sentei na parte mais alta ali, onde dava para ver uma coisa similar ao local de um motor, e olhava para dentro através do design da própria proa que era como as aberturas entre as hélices e aquele motor estava parado sem energia e o navio não se movia.

E fui ver o que havia acontecido e comecei a enxergar o interior do navio como uma tela diante de mim a semelhança de um papel que eu segurasse. Eu estava tão grande que o navio era como se fosse de brinquedo. Vi todos os passageiros sentados em suas poltronas enfileiradas de frente para mim e usavam máscaras de oxigênio e descobri que estavam mortos.

Um homem responsável por verificar a partida do navio me disse que os passageiros haviam sido mortos por excesso de oxigenação, algum problema nos tubos do navio aumentou o gás em suas máscaras de modo que os entorpeceu até a morte. Me vi tirando corpo por corpo, e os corpos eram na aparência de pequenos pedaços de papel em minha mão que continham as imagens dos rostos de cada passageiro. Logo estava com todos esses minirretratos em minhas mãos. Descobri que aquele motor que vi, na verdade, era o local onde aquelas pessoas estavam, por isso ele não estava funcionando. Elas eram o motor do navio.

Havia um vasilhame um pouco raso e um gás muito sutil e colorido emanava dali e joguei dentro da vasilha os minirretratos que eram os corpos dos mortos e comecei a mexer a solução com algo semelhante a uma colher em movimentos circulares para uma direção e depois para outra e isso era eu quebrando as partículas de lá dentro e misturando-as e o gás ganhava densidade e se tornou um caldo viscoso prensado de tal forma que era como um óleo muito denso e se tornava mais denso a medida em que remexia.

Enquanto quebrava as partículas, diante da minha visão surgiam números e palavras bem grandes na cor verde-claro em todas as direções, essas palavras eram os nomes das substâncias que iam se formando no vasilhame e os números eram fracionados referentes à quantidade de cada partícula que era misturada porque eu os quebrava para uni-los. E em certo momento a substância escureceu e se tornava sólido ganhando a aparência de uma célula ovoide de algum ser muito primitivo, e o esmaguei quebrando-o para outra coisa surgir dele e sentia constantemente um mau-cheiro saindo da substância porque ela era feita de mortos, a célula ovoide deu forma a um peixe que surgiu apodrecido, porque os movimentos que fazia naquilo era similar a passagem do ciclo de vidas e foi apodrecendo mais até que o peixe estava em estado de decomposição e em seu corpo agrupava lama e havia plantas nascendo dele e a coisa foi ficando mais complexa e daquilo surgiu carne vermelha de um animal terrestre e fiquei pensando "fiz tudo isso a partir dos mortos".

Qual é o significado?

O sonho ocorreu em 5 de outubro de 2020, e apenas no dia 24 de junho de 2025 eu cheguei ao significado dele enquanto estava estudando o Kalach Pitchei Chochmah do Rav Moshe Chaim Luzzatto de abençoada lembrança, como veremos; o navio é o vessel, o kli, as pessoas ali são as luzes. Podemos compreender o processo da criação como uma gradação de luzes.

Primeiro, o Infinito, Bendito Seja, realiza um Tzimtzum — uma retração da Sua Luz — criando assim o Halal, o espaço vazio. Dentro desse espaço surge o Kav, um fio de luz direto do Ein Sof, que sustenta e conduz toda a criação de forma ordenada e progressiva (hadragá). O que resta da luz anterior é chamado de Reshimú, uma impressão sutil que se torna a base das Sefirot, as quais emergem do espaço criado e se organizam em recipientes para conter essa luz. Cada Sefirá contém tanto o aspecto do Reshimú (a impressão remanescente) quanto o brilho interno do Kav, que é a vontade ativa do Ein Sof. A estrutura que organiza essa luz é chamada de Adam Kadmon, a primeira forma ordenada da Luz Divina após o Tzimtzum. Dele emana o brilho que dará origem aos mundos de ABiYA (Atzilut, Beriá, Yetzirá e Assiyah). Essa organização segue o modelo chamado Demut Adam — a forma do Homem — pois todas as partes da criação, inclusive o próprio ser humano, estão contidas em potencial nessa estrutura. O nome "Adam" deriva do Shem MaH (Nome de 45), composto por 4 letras, mas quando escrito por extenso são dez em referência às 10 sefirot (יוד הא ואו הא).

Então temos de forma resumida:
Fase 1 – Ein Sof e o Tzimtzum
Fase 2 – Surgimento do Kav
Fase 3 – O Reshimú e o Makom
Fase 4 – Penetração do Kav nas Sefirot
Fase 5 – Surgimento de Adam Kadmon. De Adam Kadmon emana um brilho (Ziv) que originará mais tarde os mundos de ABiYA (Atzilut, Beriá, Yetzirá e Assiyah).

Kalach Pitchei Chochmah capítulo 35:5

"No Adam Kadmon (A”K) foi realizada a união do Kav com o Reshimú, pois todos os aspectos do próprio Adam Kadmon são aspectos que envolvem essa união do Kav e do Reshimú juntos, já que esses dois são os fundamentos da condução (divina), como foi explicado acima. E toda a intenção (divina) é realizar a transformação do mal em bem. E o mal se enraíza na condução posterior ao ocultamento (do Ein Sof), em várias leis e estruturas. E sobre cada uma delas é necessário que o Kav se fortaleça e governe, para reconduzi-las ao bem.

E esse é, de fato, o próprio segredo da alma e do corpo: pois no corpo se enraízam todos os aspectos do mal, e a alma foi colocada nele com essa intenção — para que domine sobre cada um desses aspectos e os reconduza ao bem. E isso é pela força e mérito das mitzvot, que a Vontade Superior preparou para esse propósito. E, se refletires bem, encontrarás que todo o propósito da existência é chegar à alma e ao corpo, pois é ali que se encontra o verdadeiro sentido da transformação do mal em bem. O ser humano físico é o fim de toda a realidade — ou seja, o desfecho de toda essa questão. E Adam Kadmon é o início de toda a realidade — o princípio de toda essa questão. Pois lá foram estabelecidas todas as medidas necessárias para que, no final, tudo isso se realizasse de forma efetiva. E todas essas luzes que dele emanam seguem continuamente uma ordem gradual, uma após a outra, no segredo de alma e corpo, até que esses dois (alma e corpo) saiam abaixo em seu lugar apropriado, como será explicado adiante, na Parte II.

‘Que ele tomou para si como recipiente’ — ou seja, esse é o vínculo que foi realizado: foi estabelecida essa regra, de que haverá interioridade no segredo das luzes (orot), e exterioridade no segredo dos recipientes (kelim), e que a luz iluminará dentro do recipiente e o purificará.

E a luz que sai através dos sentidos é uma luz que já está unida ao recipiente (kli); não pense que essa luz que sai é uma luz simples, pois ela já é da categoria da união que foi realizada, e a partir daí não sai mais nenhuma emanação sem a junção de ambos (luz e recipiente). Por isso, essa luz — embora à primeira vista pareça que não há ali recipiente — na verdade contém, absorvidas dentro dela, as dimensões do kli, sem dúvida; apenas que, por a luz ser muito intensa, os aspectos dos recipientes não são perceptíveis de modo algum.

Por isso, posteriormente, ele faz emergir o recipiente (Kli) a partir das luzes da boca – e isso é uma prova de que existem aspectos de 'recipiente' absorvidos dentro da própria luz. Pois de fato encontramos que, no final das contas, um recipiente acaba saindo justamente dessas mesmas luzes que saem dali. E se a luz fosse totalmente simples (peshutá), seria impossível que um recipiente surgisse dela. Pois já ouviste como o recipiente e a luz são dois tipos (sugim) completamente distintos, e é impossível que uma categoria (sug) gere outra categoria totalmente oposta a ela. Pois a causa não pode produzir um efeito que não seja de sua própria natureza. Por isso, é certo que os aspectos do recipiente já existem, de forma absorvida e oculta dentro das luzes – só que nas alturas (ou seja, nos níveis superiores) isso não é perceptível. E quanto mais as luzes descem, mais vão se revelando os aspectos do recipiente, até que este se revela por completo.

E saiba que este é o segredo das letras que são mencionadas a respeito das luzes de Achap (Ozen-Chotem-Peh – ouvido, nariz e boca), pois em todo lugar onde há letras – elas indicam a existência de um aspecto de recipiente (Kli). Só que nas luzes do ouvido, a raiz do recipiente ainda não é perceptível senão de forma muito sutil – como uma única letra apenas. E no nariz, isso já se revela um pouco mais. E na boca – ainda mais. E na ação (processo) que ocorre nas luzes da boca – aí sim, se revela por completo.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

SALMOS 18:46 ORAÇÃO PARA DESTRUIR OS CÃES-DEMÔNIOS

O BEZERRO DE OURO ESTAVA VIVO

O CALENDÁRIO DO FIM DOS DIAS - CONTAGEM REGRESSIVA (O CALENDÁRIO DA TORAH) E A EVOLUÇÃO DE ADÃO