CONCEITOS BÁSICOS = ChabadPédia
Nefesh Behamit (Alma animal)
A Nefesh Behamit (alma animal) é a alma que dá vida ao corpo. Um dos “novos ensinamentos” do Admor Hazakên é que o judeu possui duas almas – uma do lado das Klipot (cascas/forças de ocultamento) e a outra do lado da santidade.
Os quatro elementos da Nefesh Behamit
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Água: raiz dos desejos e prazeres, pois a vida do corpo (o sangue) é em sua maior parte água. Este é o elemento principal da Nefesh Behamit.
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Fogo: raiz da ira e do orgulho, pois como o fogo tende a subir, assim é o sentimento de superioridade que gera cólera.
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Ar: raiz da frivolidade, zombaria, vanglória e palavras vãs, que não têm substância.
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Terra: raiz da preguiça e da tristeza, pois sua natureza é pesada e tende a afundar.
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O boi é o desejo descontrolado, que mesmo sabendo ser prejudicial, não se detém. Pode ser um boi “inocente” (age por ingenuidade) ou “perigoso”.
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A cabra é a rebeldia e ousadia, aberta ou oculta.
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O carneiro é de natureza dócil, mas fraca, e se deixa arrastar pelos outros.
Nefesh Elokit (Alma divina)
As declarações fundamentais do Admor HaZaqen (primeiro Rebe de Chabad) no Sefer HaTania, cap. 2, a respeito da Nefesh Elokit (alma divina).
A Nefesh Elokit (alma divina) é uma designação geral para a porção espiritual e divina no judeu, englobando Nefesh, Ruach ve-Neshamah (alma, espírito e neshamá). A alma do judeu é chamada “Adam (homem)”, e foi criada à semelhança do “Adam HaElyon (Homem Superior)”. Por isso ela é composta de asseráh kochot (dez forças) e está vestida em shloshá levushim (três vestimentas).
A razão de sua descida ao corpo é ocupar-se em refinar a Nefesh Behamit (alma animal) e transformá-la em santidade.
Sua raiz
(ver verbete expandido – Neshamot Yisrael (almas de Israel))
A raiz desta alma é “Cheleq Eloká mi-Ma’al mamash” (uma porção de Deus, vinda do Alto, literalmente). Ou seja, sua origem não é apenas um grau elevado, mas provém do próprio HaKadosh Baruch Hu (o Santo, bendito seja). O Admor HaZaqen explica de três modos:
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Todas as criaturas foram criadas pelo dibur (fala) de Deus, ao passo que o homem foi criado por uma espécie de nefichá (sopro). A fala é algo externo e pode prolongar-se sem cansaço; já o sopro sai da pnimiyut ha’nefesh (interior da alma), cansando rapidamente. Assim também a Nefesh Elokit vem da interioridade divina.
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Todas as criaturas foram criadas por fala, mas Israel “subiram no machshavá (pensamento)”; e o pensamento está mais ligado à interioridade do que a fala.
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Israel são “banim La-Hashem (filhos de Deus)”, e como o filho procede (não apenas do pensamento do pai, que não é o próprio pai) mas do etzem mochó shel ha’av (essência do cérebro do pai) — isto é, o pai transmite ao filho uma porção de sua própria essência; assim também Israel receberam literalmente um cheleq do próprio Deus (“Cheleq Eloká”).
A fonte da alma divide-se em dois aspectos: de modo geral, todas as neshamot (almas) provêm do próprio Deus; de modo particular, há um “Otzar HaNeshamot (tesouro das almas)” chamado “Guf (corpo)”, do qual as almas são atraídas para baixo.
Em termos gerais, a raiz da Nefesh Elokit é elevadíssima, anterior a todos os graus supremos: diz o Midrash que “HaKadosh Baruch Hu consultou-Se com as neshamot dos justos”; isto é, Ele contemplou o trabalho de Israel em fazer do mundo uma morada para Ele, e o prazer daí despertado “causou” a criação do mundo. Essa “consulta” antecedeu tanto o Or Ein Sof (Luz Infinita) quanto o etzem ha’or (a própria luz), pois a intenção do seu prolongamento é que, após os tzimtzumim (contrações), o mundo fosse criado — e isso precede a vontade de criar o mundo. Contudo, essa raiz não recebe “nome”, porque a “entidade” da neshamá enquanto algo distinto só principia após o Tzimtzum, junto com a revelação dos mundos.
Segundo isso, a conhecida declaração do Zôhar de que “Kudsha Brich Hu, Orayta ve-Yisrael Chad (o Santo, a Torá e Israel são um)” é literal; mas o ser humano não pode apreender esse assunto — é um dos temas sobre os quais se diz “o que está antes e o que está depois”, proibidos de sondar — e sua revelação pertence ao nível chamado “Reisha de-lo Ityadá (Cabeça que não é conhecida)”, onde não se conhece distinção entre mashpia (doante) e mekabel (receptor). Esse assunto é apreendido somente por emuná pshutá (fé simples).
Todavia, tudo isso refere-se apenas às partes Yechidá e Chayah da alma; já a parte chamada Neshamah, sua raiz é a Sefirá de Biná do Olam HaAtzilut (Mundo da Eman ação). Dali, algumas neshamot permanecem, e outras se encadeiam no Olam HaBeriah (Mundo da Criação); mas não há, em Israel, quem tenha sua neshamá abaixo de Beriah — (de Yetzirah e Assiyah derivam ruach e nefesh). Para essa descida traz-se a parábola do tinok (bebê): pela ibur (gestação), a gota de sêmen do pai, cuja origem é no etzem moach (essência do cérebro), transforma-se em todas as partes brancas do corpo (tendões, ossos, unhas). Como até as unhas vêm dessa essência, ela desceu até o lugar mais baixo do homem, mas ainda estão ligadas por vínculo firme; pois a seder hishtalshelut (cadeia de emanação) é realidade que se renova a cada instante, e nada nela existe sem constante renovação do nível anterior; assim, em todo tempo, a existência do mundo se renova por Israel, e a condução de tudo é pelos tzadikim, raiz da criação.
Seus componentes
Esta alma possui kochot pnimiyim (forças internas), makifim (forças envolventes) e levushim (vestimentas). Em termos gerais, divide-se em cinco partes.
Kochot pnimiyim (forças internas)
As forças internas, que se vestem nos órgãos, são dez e se dividem em sechel (intelecto) e midot (atributos).
Sechel (intelecto)
O intelecto no homem contém três partes — Chochmah (sabedoria), Binah (entendimento) e Daat (conexão/consciência) — e por meio delas nascem as midot.
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Chochmah: força que recebe “clarões” do koach ha-maskil (poder intelectivo); a compreensão ainda é incipiente. Chama-se “koach mah” (força do ‘o que?’), indicando que ainda se pergunta “o que é?”.
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Binah: desenvolve o ponto da ideia em comprimento, largura e profundidade, alcançando máxima compreensão.
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Daat: força de hitkashrut (vinculação) e hibur (ligação). Às vezes considerada parte da Binah, pois também envolve hitbonenut (contemplação). Conecta Chochmah e Binah, e liga o intelecto às midot, ao internalizar que “isso me diz respeito”, gerando o “be-chen” (portanto) que dá à luz as emoções.
Midot (atributos)
As midot são sete, modos de relação com o outro. O eixo das midot é o Chesed (benevolência) — porque se relacionam ao agir com o próximo; mesmo o ódio envolve Chesed (sem ele não haveria relação alguma).
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Chesed: dar/influenciar; dele vem o amor a Deus — por isso se diz de Avraham “atraído a Ti como água”.
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Gevurah: retração/limite; dela vêm o temor e também o “fogo” do amor.
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Tiferet: compaixão/beleza; integra Gevurah (“não merece”) com Chesed (“mesmo assim, concedo”), e também leva a enaltecer a Deus.
Estas três são o núcleo das midot ha’nefesh; delas resultam as quatro chamadas midot ha’guf:
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Netzach: perseverança/vitória — combate resistências internas (lado de Gevurah) e externas, pressionando-as; enraíza-se no etzem ha’nefesh (cerne da alma), levando a pessoa a sacrificar tudo para vencer.
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Hod: reconhecimento/submissão e gratidão; também “hod” no sentido de formosura.
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Yesod: vinculação para transmitir ao outro; falar “para conduzir ao outro” — ligação movida por forte desejo e prazer de influenciar.
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Malchut: meio de comunicação e liderança; diagnostica como o outro pode receber (enquanto Yesod foca a doação do doador, Malchut foca a recepção do receptor).
Kochot makifim (forças envolventes)
São forças que não se vestem num órgão específico, relacionadas à Sefirat ha-Keter (Coroa):
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Ratzon (vontade): motiva e dirige as demais forças; não se prende a um órgão e por isso pode atuar em todos.
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Ta’anug (deleite): interioridade do ratzon; expressa a elevação/recôndito da alma dentro de si.
Levushim (vestimentas)
As dez forças são o “corpo” da Nefesh Elokit, mas sua atuação dá-se por três levushim (vestimentas); chamam-se “vestimentas” por não serem fixas (podem ser trocadas), ao contrário do sechel e das midot.
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Machshavah (pensamento): vestimenta mais interna; não depende do outro. Não pode ser totalmente desligada, mas pode ser substituída por outros pensamentos.
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Dibur (fala): vestimenta intermediária; no homem, o falar é “anímico” (emanado da alma) e é o principal meio de revelar-se ao próximo.
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Ma’aseh (ação): vestimenta externa; executa de fato os desejos da pessoa.
Partes da alma
A Nefesh Elokit divide-se em cinco partes (como diz o Midrash: “cinco nomes lhe foram dados”). Cada uma é uma nefesh shlemá (configuração completa) com todas as dez forças. Como se relacionam aos tipos de forças, as três inferiores se vestem no corpo e as duas superiores o circundam.
As internas (vestidas no corpo)
Elas não entram simultaneamente: primeiro entra a Nefesh, e, se a pessoa é meritória, recebe Ruach; como está escrito: “até que se derrame sobre nós ruach do alto”. Se houver nova elevação, recebe Neshamah — a mais elevada das três.
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Nefesh (nível ‘ação’): presente em todo judeu; foca o cumprimento prático das mitzvot (ainda que inclua intelecto e emoções).
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Ruach (nível ‘emoções’): após a completude da Nefesh; centra-se nas midot.
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Neshamah (nível ‘intelecto’): superior entre as que se vestem no corpo; centra-se nos mochin (intelectos) e contemplação na grandeza divina.
Os makifim (envolventes)
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Chayah (vitalidade transcendental): o makif mais próximo; também chamada “mazal” por “gotejar” influxo para a neshamá no corpo; “ouve” os clamores superiores e os “informa” à alma; corresponde ao ratzon.
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Yechidah (unicidade): a parte mais alta; recebe de Deus, o “Yachidó shel Olam (Único do mundo)”. Vive com revelação contínua da Divindade, mas não a manifesta constantemente; revela-se em tempos especiais, como Yom Kipur, e impele ao mesirut nefesh (auto-sacrifício).
Ha’etzem (a essência)
Etzem ha-neshamah (essência da alma) — em geral, identifica-se com a Yechidah; mais precisamente, o Midrash fala que “cinco nomes lhe foram dados”, indicando etzem cuja expressão se chama por esses nomes. O etzem é o vínculo essencial do judeu com Deus; quando se revela, não é possível agir contra a vontade superior; ele provoca a dor do exílio pela ausência de revelação da Shechiná no mundo.
Lugar e ingresso
A morada principal da Nefesh Elokit é no moach she-ba-rosh (cérebro) — como na seder hishtalshelut tudo começa em Chochmah, também sua revelação começa no intelecto.
A morada das midot da Nefesh Elokit é no lev (coração), em sua cavidade direita, onde não há sangue; sobre isso diz o versículo: “Lev chacham li-yemino (o coração do sábio está à sua direita)”.
Desde o nascimento, a alma paira de modo makif (envolvente); com a Brit Milá (circuncisão) começa a entrar; e na Bar-Mitzvá dá-se a entrada principal e completa da nefesh kedoshá (alma sagrada) no homem.
Sua função
(ver verbete expandido – Yeridat HaNeshamah la-Guf (descida da alma ao corpo))
A descida da neshamá ao corpo não é por causa dela — lá em cima ela tinha bem; neste mundo não há revelação divina como no Gan Eden. A descida é para refinar e purificar o guf (corpo) e a Nefesh Behamit (alma animal), que vêm de Klipat Nogá, e elevá-los à santidade.
Quando cumpre sua função, a própria neshamá também se eleva. Como está escrito: “Ve-rav tevu’ot be-koach shor” (muitas colheitas com a força do boi) — por meio da força da “behemah” (a Nefesh Behamit), o “adam” (a Nefesh Elokit) produz mais frutos.
Modo de atuação
A Nefesh Elokit preenche as três partes do sechel com Torá e preenche o coração com ahavá ve-yirá (amor e temor) a Deus; então o grande amor — “como fogo ardente no coração, como labaredas”, ansiando até esvair-se — irrompe também para a cavidade esquerda do coração, morada da Nefesh Behamit, subjugando-a e fazendo-a amar intensamente a Deus. Assim, seus levushim de pensamento e fala serão apenas no estudo da Torá, e o levush da ação apenas no cumprimento das mitzvot.
Essa hitbonenut (contemplação) que leva a tal amor pode ocorrer de dois modos: (1) contemplar assuntos altíssimos, levando a alma a auto-anulação; (2) contemplar coisas simples — que Deus sustenta o mundo a todo instante, dá vida etc. — despertando também a Nefesh Behamit a amar a Deus.
Dirá BeTachtonim (morada nos inferiores)
Dirá BeTachtonim (morada nos inferiores) é a vontade do Criador de que as criaturas façam deste mundo — inferior em relação aos mundos superiores — um mishkan (habitação/santuário) que sirva como “casa” para HaShem. Essa ideia é mencionada pela primeira vez no Midrash Tanchumá e é citada pelo Admor HaZaqen (primeiro Rebe de Chabad) no Sefer HaTania; ela é a principal razão pela qual HaShem criou o mundo e constitui a tachlít (finalidade) da criação e da descida da neshamá (alma) para baixo.
Significado de “dirá” (morada)
Dirá (morada) significa um lugar onde a pessoa que reside revela sua pnimiyut ve-atzmiut (interioridade e essência). De modo simples: em casa, a pessoa é mais autêntica do que quando está fora; ela age livremente, sem as “cortinas” que costuma vestir diante dos outros.
Assim, “dirá” aqui significa que HaKadosh Baruch Hu (o Santo, bendito seja) Se revela em toda Sua essência, sem ocultações.
HaShem quis — que Lhe fizessem uma dirá aqui, neste mundo, espiritualmente inferior, onde Sua existência não é sentida de forma palpável, a ponto de se poder pensar que Ele não existe (Deus nos livre), pois a presença divina está encoberta e o mundo parece funcionar sozinho. Justamente aqui — por meio do avodá (trabalho espiritual) humano — revela-se o Criador.
A avodá (trabalho) para criar a Dira BeTachtonim
A função do judeu é revelar no mundo a verdade de que Elokim está presente e conduz tudo. Isso se realiza trazendo a or HaShem (luz divina) ao mundo material para iluminar sua escuridão, utilizando as possibilidades do mundo — no que é permitido — para cumprir Torá e mitzvot (mandamentos).
Exemplo: do couro de um animal pode-se fazer um sapato ou uma bolsa — e o couro permanece desconectado da espiritualidade. Mas quando o judeu faz do couro tefilin (filactérios), ele introduz or ruchaní (luz espiritual) no couro e o santifica; o couro passa por uma “redenção particular”, revelando sua ta’am (razão espiritual) de existir — e torna-se, assim, uma dirá para HaShem.
Cada mitzvá é um ponto de luz espiritual; o conjunto desses pontos torna-se uma grande luz que ilumina o mundo, santificando-o e preparando-o para ser “casa” apropriada para HaShem.
Além disso, a dirá se faz (não apenas por mitzvot) também quando o judeu revela, na vida diária, seu vínculo com a Divindade — como está dito: “Bechol derachecha da’ehu” (Em todos os teus caminhos, conhece-O). Hoje, o resultado pleno não é visível; na vinda do Mashiach — quando o objetivo se completar — essa luz espiritual será revelada no mundo.
Ampliação: como é a avodá que cria a Dira BeTachtonim
A dirá do Criador tem de ser justamente nos tachtonim (inferiores); portanto, o trabalho solicitado do judeu também diz respeito aos inferiores: não uma prática “etérea” própria dos mundos elevados, mas um trabalho simples e concreto. Qual?
O Zôhar ensina que por meio de “Itkafya” (subjugação) e “Ithapcha” (transformação) revela-se o Criador em todos os mundos.
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Itkafya (subjugação): apesar do desejo egocêntrico da Nefesh Behamit (alma animal), o judeu se dobra e cumpre a vontade de HaShem.
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Ithapcha (transformação): um nível mais alto; o judeu passa a querer o que HaShem quer — transformou totalmente sua Nefesh Behamit, que agora deseja o bem.
Esses dois modos de avodá se aplicam nos tachtonim, onde existe Yetzer Hará (instinto do mal).
(Na prática, o acento na construção da Dirá BeTachtonim recai sobre a Itkafya, que enfatiza a ação “de baixo”.)
Criando uma “Dirá Me’ueret (morada iluminada)”
Até aqui, enfatizou-se o foco nos inferiores. A avodá do judeu deve incidir sobre as coisas simples do nosso mundo. Mas há outro ponto: numa dirá, quem habita se revela por inteiro; é preciso atuar para que HaShem Se revele no mundo, que o mundo sinta essa revelação — criar uma “dirá iluminada”.
Para isso, o judeu deve refinar a si mesmo, ampliar a revelação do seu vínculo com o Criador e espalhar luz ao seu redor, até que o mundo esteja pronto para a gueulá (redenção) — quando se cumprirá: “Veniglà kevod HaShem, vera’u kol basar” (revelar-se-á a glória de HaShem e toda carne verá) — isto é, todo o mundo físico será iluminado pela luz divina. E como está escrito: “Umale’á ha’aretz de’á et HaShem, kamayim layam mechasim” (a terra se encherá do conhecimento de HaShem, como as águas cobrem o mar) — isto é, o mundo ficará “alagado” de Divindade.
Justamente nos inferiores
A criação dos mundos superiores não toca a atzmuto ve-mehutó (essência) do Criador — são apenas giluyim (manifestações, luzes), não a essência. Logo, não se pode dizer que a meta da criação esteja “em algum lugar” desses mundos. “Dirá” é um conceito mais elevado do que se referir a planos externos.
A criação do nosso mundo, que sente sua própria existência e não é naturalmente anulada à Divindade, deriva do poder essencial do Criador (ver “Yesh me’ayin”; “Nautz techilatan besofan” — o começo está cravado no fim). Assim, precisamente aqui está a meta da criação dos mundos e aqui se faz a dirá para a Essência.
Justamente “Taavá (desejo)”
Há explicações para a criação, por exemplo: que HaShem quer mostrar Sua capacidade, criando seres aparentemente separados que reconhecerão Sua grandeza.
Mas todas essas razões são externas. A causa verdadeira da criação é: “Kach alá be-ratzono/taavato” (assim Lhe aprouve/assim Ele desejou). Sem explicação. Não há motivo racional para criar um mundo escuro espiritualmente — a não ser uma taavá (desejo essencial), vontade recôndita inacessível ao entendimento. Qualquer outra “razão” suporia uma carência a ser suprida; e como o Criador é perfeito, não carece de nada.
A taavá de HaShem de que a luz divina irrompa do próprio escuro é comparável ao prazer humano por algo inesperado e não lógico.
Dira BeTachtonim na Dor HaShevi’i (geração sétima)
No seu primeiro maamar (discurso), “Bati LeGani”, o Rebe explica que a missão da nossa geração — a sétima — é concluir a construção da Dirá BeTachtonim e trazer o Mashiach.
A centralidade do tema aparece no fato de o Rebe ter fixado dois trechos do Tania sobre Dirá BeTachtonim entre os doze psukim (versículos) recitados pelas crianças de Israel em toda ocasião.
“Dirá Na’á (morada bela)” — a shlichut (missão) das mulheres
Além da missão de todo judeu de fazer uma dirá para o Criador nos inferiores, as nashim u’banot Yisrael (mulheres e moças de Israel) têm uma missão especial: fazer uma “dirá na’á” (morada bela) com “kelim na’im (belos utensílios)”. Numa casa comum, o principal da beleza — material e espiritual — depende da mulher; espiritualmente, na obra de fazer para HaShem uma Dirá BeTachtonim, parte essencial — torná-la “na’á”, com “kelim na’im” — está confiada às mulheres de Israel.
Neshamot Yisrael (Almas de Israel)
As Neshamot Yisrael (almas de Israel) são centelhas de divindade que vivificam a Nefesh Elokit (alma divina) de cada judeu.
Está explicado que as Neshamot Yisrael estão enraizadas na atzmuto u-mehutó yitbarach (essência e substância do Santo, bendito seja), e mesmo neste mundo físico permanecem unidas ao Criador. Todas as Neshamot Yisrael são como uma komá (estatura/corpo), unidas à Chochmá Ila’á (sabedoria suprema), na qual repousa o Or Ein Sof (luz infinita).
As Neshamot Yisrael foram atraídas da pnimiyut ha-olamot (interioridade dos mundos), em contraste com os anjos, que derivam da chitzoniyut ha-olamot (exterioridade dos mundos).
Etzem HaNeshamah (Essência da alma)
As Neshamot Yisrael têm sua raiz na atzmut (essência divina), acima de todas as revelações, inclusive do Nome Havayáh (YHVH), e por isso podem prolongar todas as revelações.
Por isso disseram os Sábios: “Bemi nimlach? – be-Neshamoteihem shel tzadikim” (Com quem Ele consultou? Com as almas dos justos). A consulta refere-se ao giluy ha-or (revelação da luz), se haveria revelação — não apenas da luz destinada aos mundos, mas até da luz em si. Daqui se entende que as Neshamot Yisrael estão acima de qualquer revelação. Por isso se diz: “Yisrael alu be-machshavah” (Israel subiu no pensamento divino).
A raiz das Neshamot Yisrael na essência é ainda mais elevada do que a raiz da Torá na essência. Pois, embora a Torá esteja enraizada na essência, e como se diz: “Orayta ve-Kudsha Brich Hu kulá chad” (A Torá e o Santo, bendito seja, são um), mesmo assim, ao descer aos inferiores, ela permanece em estado de união com a essência, mas em grande distância dos inferiores. Já as Neshamot Yisrael, enraizadas na essência, tornam-se uma existência própria, como o filho que é uma realidade por si, e justamente por meio delas realiza-se o conceito de Dirá BeTachtonim (morada nos inferiores).
Hamshachatam (sua extensão/manifestação)
Apesar de sua origem na essência, sua manifestação neste mundo se dá por meio da Malchut de-Atzilut (reino do mundo de Atzilut), chamada Knesset Yisrael (Assembleia de Israel). Esta reúne todas as almas, que, ao descer, se dividem e se tornam entidades distintas, mas em sua raiz permanecem em união absoluta. Por isso todos os judeus são chamados achim (irmãos).
Na descida, a alma divide-se em Nefesh, Ruach, Neshamah (NR"N – alma, espírito e neshamá), e todas juntas recebem o nome de Nefesh Elokit (alma divina), que é composta de dez forças e três vestimentas.
O título “Adam” (homem) para a Neshamá
A Neshamah de Yisrael recebe o nome de “Adam” (homem), indicando que a alma do judeu é o “homem” em cada judeu.
Isto se deve a duas dimensões da alma:
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Etzem ha-Neshamot (essência das almas de Israel) — são “Cheleq Eloká mi-Ma’al (parte de Deus vinda do Alto)”, literalmente parte da essência divina. Por isso são chamadas Adam, de “Adameh le-Elyon” (serei semelhante ao Superior).
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NR"N da Neshamá (seus níveis de Nefesh, Ruach, Neshamah) — definidos conforme a estrutura das kochot ha-nefesh (forças da alma) à semelhança de Adam descrito em relação às sefirot de Atzilut.
Assim, embora ao descer ao corpo a alma passe pelo processo de hishtalshelut (encadeamento) e se torne um nivrà (ser criado), mesmo seu aspecto de NR"N conserva bitul (anulação) por sua raiz. Como diz o ditado: “Bera kara d’avuha” (o filho é a perna do pai) — embora o filho seja uma entidade própria, continua ligado à essência paterna.
Be-Madregat Komá (na forma de um corpo)
Todas as Neshamot Yisrael formam uma komá (estrutura/corpo): há almas que correspondem à cabeça e ao cérebro, outras ao coração e às mãos, outras ainda aos calcanhares — como as gerações finais, chamadas “Ikveta de-Meshicha” (passos/era dos pés do Mashiach). No entanto, todas permanecem unidas ao Criador, como o filho cujo corpo inteiro, até as unhas, provém da essência do pai.
Chilukam (sua divisão em níveis)
Embora todas sejam iguais em sua raiz na essência e na Chochmá Ila’á, ao se revelarem apresentam diferenças de nível. Daí deriva a diversidade em sua avodá (trabalho espiritual).
A Torá distingue duas categorias: “Zera Adam” (semente humana) e “Zera Behemah” (semente animal).
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Zera Adam: almas de Olam HaAtzilut, como Rabi Shimon bar Yochai e seus companheiros, que já são intrinsecamente corrigidas e cuja avodá é apenas adicionar luz.
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Zera Behemah: almas dos mundos de Beriá, Yetzirá, Asiyah (BY"A), originadas da queda das luzes na Shevirat HaKelim (quebra dos recipientes) em Tohu, cuja avodá é o birurim (refinamento).
Outra divisão é segundo o tipo de trabalho no mundo:
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Ba’alei Torah (estudiosos) — para quem a Torá é sua ocupação. Minoria.
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Ba’alei Asakim (homens de negócios) — cuja avodá está principalmente em mitzvot e gemilut chassadim (bondade). A maioria de Israel.
Neshamot Yisrael e os Malachim (anjos)
As Neshamot Yisrael e os malachim são duas categorias de seres criados. Ambos servem ao Criador, mas diferem em sua raiz e em sua avodá.
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As almas de Israel são atraídas por meio de zivug gufaní (união corpórea) e derivam da pnimiyut ha-olamot.
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Já os anjos derivam de zivug neshikin (união de beijos), da chitzoniyut ha-olamot.
Assim, também em seu serviço: as almas de Israel atuam no aspecto interior dos mundos, enquanto os anjos no aspecto exterior, transmitindo influxo de mundo a mundo.
Ba’alei Torah e Ba’alei Asakim
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Ba’alei Torah (estudiosos da Torá): judeus cujo ofício é o estudo, uma minoria.
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Ba’alei Asakim (homens de negócios): a maioria de Israel. Sua avodá principal está em mitzvot e bondade prática. A Chassidut explica que justamente os ba’alei asakim, em meio às dificuldades da parnassá (sustento), podem alcançar os níveis mais elevados de tefilá (oração), pois “yitron ha-or min ha-choshech” (a vantagem da luz provém justamente da escuridão).
Ba’alei Torah (estudiosos da Torá): judeus cujo ofício é o estudo, uma minoria.
Ba’alei Asakim (homens de negócios): a maioria de Israel. Sua avodá principal está em mitzvot e bondade prática. A Chassidut explica que justamente os ba’alei asakim, em meio às dificuldades da parnassá (sustento), podem alcançar os níveis mais elevados de tefilá (oração), pois “yitron ha-or min ha-choshech” (a vantagem da luz provém justamente da escuridão).
Etzem HaNeshamá (Essência da Alma)
Etzem HaNeshamá (ou Etzem HaNefesh, Mahut ve-Atzmut HaNefesh – essência e substância da alma) é o termo usado na Torat HaChassidut (doutrina chassídica) para descrever a parte mais profunda e interior da alma do judeu, abstraída de qualquer força ou atributo específico.
Dargatá (seu nível)
No Sefer HaTania (cap. 3), o Admor HaZaqen refere-se às dez forças da alma — os três mochin (intelectos) e as sete midot (atributos emocionais) — como a “mahut ve-atzmut haNefesh (essência e substância da alma)”.
Porém, no Likutey Torah, ele detalha mais e explica que as dez forças, mesmo sua origem em Sefirat HaChochmá, não são senão recipientes para a Etzem HaNefesh (essência da alma); mas a essência em si é o “cheleq Eloá she-eino be-geder eser bechinot (uma parte divina que não está no limite das dez dimensões), e sim or pashut (luz simples)”.
Em muitos lugares na Chassidut é explicado que a Etzem HaNeshamá corresponde à Bechinat Yechidá (dimensão de unicidade da alma), chamada assim porque está unida ao HaKadosh Baruch Hu chamado “Yachid” (Único).
Entretanto, em muitos outros lugares se explica que mesmo a Yechidá é apenas mais um nível sobre a Etzem HaNeshamá — com base no ensinamento dos Sábios: “Chamishá shemot nikre’u lah (cinco nomes foram dados à alma: Nefesh, Ruach, Neshamá, Chayah, Yechidá)” — isto é, todas essas dimensões (inclusive a Yechidá) são apenas “nomes” da essência da alma.
A Etzem HaNeshamá é a verdadeira realidade da alma como está unida com o Santo, bendito seja, como dito no Zôhar: “Yisrael ve-Kudsha Brich Hu kulá chad” (Israel e o Santo, bendito seja, são totalmente um). Por isso, a expressão da essência da alma não é necessariamente o movimento de bitul (anulação) e de mesirut nefesh (autoentrega, disposição ao sacrifício) — que estão ligados ao nível da Yechidá — mas sim a própria existência do judeu como ele é.
Hitbatutá (sua expressão)
No serviço espiritual do homem, a Etzem HaNeshamá se expressa em mesirut nefesh (autoentrega), mostrando que seu vínculo com Deus está gravado em sua própria essência.
Em nível mais profundo, a Etzem HaNeshamá se expressa quando o judeu deseja se apegar a Deus mesmo em situação comum, sem necessidade de prova de mesirut nefesh. Por isso, seu anseio não é pelos giluyim (revelações) de Gan Éden ou do Olam HaBa (Mundo Vindouro), mas pelo giluy ha-Atzmut (revelação da Essência divina). E assim, mesmo quando possui expansão material e espiritual, sente-se quebrado pelo fato de ainda haver galut (exílio), e exige a gueulá shleimá (redenção completa).
No cotidiano, a Etzem HaNeshamá se revela principalmente ao despertar do judeu de seu sono: nesse instante se manifesta sua essência, e já nesse estado ele está ligado a Deus antes mesmo de realizar qualquer ação para expressar isso — como na recitação do “Modeh Ani”.
Nas sichot (discursos) conhecidas como Dvar Malchut, explica-se que a nitzotz Mashiach (centelha do Mashiach) presente em cada judeu corresponde à Etzem HaNeshamá (e não apenas à Yechidá). Assim, o vínculo do judeu com o Mashiach é constante, enraizado em sua própria essência, como aludem as palavras dos Sábios: “Kol yemei chayecha lehavi liYemot haMashiach” (Todos os dias da tua vida — para trazer os dias do Mashiach). Ou seja, sua vitalidade em cada instante é trazer a era messiânica — não só quando pensa, fala ou age em prol disso, mas porque sua própria vida (“chayecha”) é essencialmente voltada a trazer o Mashiach.
Yeridat HaNeshamá LaGuf (Descida da Alma ao Corpo)
A descida da Neshamá (alma) ao corpo é um processo gradual que se inicia já no momento da concepção e continua em etapas durante a infância e a maturidade.
A razão da descida da alma ao corpo é legalot Elokuto Yitbarach baTachtonim (revelar a divindade do Santo, bendito seja, nos inferiores) e leyached et Shem Kudsha Brich Hu ve-haShechiná (unificar o Nome do Santo, bendito seja, com a Shechiná), de modo que a Nefesh (alma) seja morada para a dimensão de Ze’ir Anpin (o “Santo, bendito seja”), enquanto o corpo sirva como merkavá (carro/veículo) para a dimensão de Malchut, trazendo à prática as forças da alma no Olam HaAsiyá (mundo da ação, físico).
Tahalich Knisat HaNefesh LaGuf (Processo de entrada da alma no corpo)
Quando o feto ainda está no útero, não apenas a Nefesh Elokit (alma divina) ainda não entrou nele de forma a unificar-se como uma realidade divina, mas até mesmo a Nefesh Chiyunit (alma vital/animal) não é sentida, permanecendo em estado de ocultação, sem manifestar suas forças. Isso porque o feto se alimenta do que sua mãe come e bebe.
A verdadeira manifestação da Nefesh Chiyunit ocorre apenas no nascimento, e a primeira entrada da Nefesh Elokit acontece no momento da Brit Milá (circuncisão)【1】. Assim, o estado de gestação é apenas um potencial, sem revelação plena da alma divina.
(ver também: Ibur ve-Leidat HaNeshamá – Concepção e nascimento da alma).
Depois do nascimento, a Nefesh Elokit começa a se revelar gradualmente. Durante a infância até a Bar Mitzvá, ela cresce e se expressa por meio das seis midot (atributos emocionais). Como não se revela plenamente antes da Bar Mitzvá, dizem os Chazal (Sábios) que o Yetzer Tov (inclinação para o bem, alma divina) só entra na pessoa nesse momento — enquanto o Yetzer Ra (inclinação para o mal, a Nefesh Behamit – alma animal) já está presente desde o nascimento.
Ofen HaPeulá (modo de ação)
A partir da Bar Mitzvá, a Nefesh Elokit (alma divina), chamada também Yetzer Tov, começa a se revelar. Sua forma de ação é:
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Preencher as três faculdades do intelecto com a Torá;
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Preencher o coração com ahavá ve-yirá (amor e temor a Deus);
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Então, esse amor ardente, “ke-esh bo’erah be-libo ke-rishpei shalhevet (como fogo flamejante em seu coração como labaredas ardentes)”, transborda para o lado esquerdo do coração, morada da Nefesh Behamit, e o submete, convertendo-o também ao amor divino.
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Assim, seus levushim (vestimentas da alma) — pensamento, fala e ação — tornam-se exclusivamente voltados ao estudo da Torá e ao cumprimento das mitzvot【2】.
Essa contemplação pode acontecer de duas formas:
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Hitbonenut be-inyanim elyonim (contemplação em assuntos sublimes) — que leva a alma à autoanulação total.
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Hitbonenut be-inyanim pshutim (contemplação em assuntos simples) — como o fato de que Deus sustenta o mundo constantemente, despertando até a Nefesh Behamit ao amor divino.
Giluy HaNeshamá (revelação da alma)
A retificação do corpo pela alma ocorre quando o corpo se submete a ela, permitindo que a alma se revele. A Chassidut ensina que o Giluy HaNeshamá (revelação da alma) é ainda maior que o Giluy Eliyahu (revelação de Elias), pois trata-se da revelação do prazer divino dentro do corpo, de modo que a alma o conduza.
Esse nível é próprio dos tzadikim (justos). Assim, no Tania (Likutei Amarim, cap. 29), relata-se que Hilel HaZaqen ao comer dizia que ia “fazer chessed (bondade) com o corpo”, porque a alma era sua essência e o corpo apenas um hóspede. Quando a pessoa percebe que em si o corpo domina a alma, o Tania aconselha “levatash et ha-guf (humilhar/subjugar o corpo)” por meio das práticas ali mencionadas.
Ta’am Yeridat HaNeshamá (motivo da descida da alma)
(ver também: Tachlit Yeridat HaNeshamá LaOlam HaZeh – propósito da descida da alma a este mundo)
O motivo da descida não é em prol da alma em si, pois no alto já tinha tudo, e neste mundo não há revelação divina como no Gan Éden. A descida é para levarer u-lezakech (refinar e purificar) o corpo e a Nefesh Behamit (alma animal), que provêm da Klipat Noga (casca translúcida, mistura de bem e mal), e elevá-los à santidade.
Quando a alma cumpre essa missão, ela mesma se eleva mais ainda. Como está escrito: “Ve-rav tevu’ot be-koach shor” (Provérbios 14:4 – Grande colheita vem pela força do boi)【3】, isto é, pela força da Nefesh Behamit (o “boi”), a pessoa (a Nefesh Elokit) produz abundante fruto espiritual.
A descida da alma ao corpo é acompanhada de grande dor, como se canta no conhecido nigun “Neshamá Yoredet” (A alma desce):
“Ha-Neshamá yoredet le-toch ha-guf, aval tzo’eket: ‘Vay, vay!’ – A alma desce ao corpo, mas clama: ‘Ai, ai!’”Contudo, essa descida é para uma elevação maior, tornando todo o processo keday (valioso).
Kelipat Nogah (Casca do Brilho)
A Kelipat Nogah é a primeira entre as kelipot (cascas/forças de ocultação), servindo como intermediária entre os níveis de kedushá (santidade) e as shalosh kelipot ha-tme’ot (três cascas impuras).
No trabalho espiritual do homem, está em sua capacidade elevar a Kelipat Nogah e integrá-la na santidade, ou, Deus nos livre, rebaixá-la para as três cascas impuras.
Inyaná (Seu significado)
Na visão da Merkavá (Carruagem) de Yechezkel, está escrito: “E vi, e eis que um ruach se’ará (vento tempestuoso) vinha do norte, e uma anan gadol (nuvem grande), e um esh mitlakachat (fogo flamejante), e um nogah (brilho) em volta”.
Na Chassidut é explicado que todos os níveis da Merkavá são graus de santidade: a demut mar’ê adam (semelhança da forma do homem) sobre o trono, os Ofanim e as Chayot HaKodesh — todos apontam para a Merkavá, que é o revestimento da Malchut deAtzilut em sua descida para os mundos de Beriá, Yetzirá e Assiyá (Bi”a).
Mas as expressões “ruach se’ará”, “anan gadol” e “esh mitlakachat” indicam as três kelipot impuras, enquanto o “nogah lo saviv” indica a Kelipat Nogah.
Explica-se que a Kelipat Nogah é um estado intermediário entre kedushá e as três kelipot impuras, servindo como canal pelo qual estas recebem sua vitalidade.
Hevdel (Diferença) entre Kelipat Nogah e as Três Kelipot Impuras
A diferença essencial é que, embora também haja bem nas três kelipot impuras, não é possível extrair esse bem de lá. Já na Kelipat Nogah, a mistura entre bem e mal é mais revelada e pode ser separada: “livror motz mi-bar” (separar a palha do grão).
Exemplo: os animais e aves permitidos a Israel provêm da Kelipat Nogah, enquanto os animais e aves impuros, ligados às nações, derivam das três kelipot impuras. “Zacha chelka deYisrael” – Feliz é a porção de Israel, pois HaShem os separou das nações em todos os seus aspectos.
Na Nefesh HaAdam (na alma do homem)
A Nefesh Behamit (alma animal) de Israel é da Kelipat Nogah, e não das três kelipot impuras, como é o caso das almas das nações idólatras.
Naturalmente, a Nefesh Behamit é atraída pelos prazeres materiais. Porém, através do domínio da Nefesh Elokit (alma divina) sobre ela, pode ser elevada à santidade, até desejar a divindade.
Assim, pela luta com a Kelipat Nogah, o homem se torna ba’al teshuvá, e seu serviço espiritual se realiza com força ainda maior.
BaAvodá (no serviço espiritual)
A Kelipat Nogah não pertence por si mesma à santidade, mas também não está totalmente aprisionada no lado da impureza.
Por isso, pode ser elevada à kedushá através do serviço a HaShem. O mesmo não ocorre com as três kelipot impuras.
Exemplo: alimentos permitidos pela Halachá pertencem à Kelipat Nogah. Quando um judeu faz berachá antes de comê-los e utiliza essa energia para servir a Deus, ele liberta as centelhas de santidade presas na Kelipat Nogah e as eleva para a kedushá.
BeOlamot (nos mundos)
A Kelipat Nogah existe nos três mundos de Bi”a (Beriá, Yetzirá, Assiyá), em cada um com espessura de acordo com o nível da revelação divina:
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No Olam HaBeriá, é rovó tov umi’utó ra (maior parte bem, minoria mal).
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No Olam HaYetzirá, é chetzyó tov ve-chetzyó ra (metade bem, metade mal).
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No Olam HaAssiyá, é rovó ra umi’utó tov (maior parte mal, minoria bem).
Por isso, quando a alma chega a este mundo, que é da Assiyá, o yetzer (inclinação) é mais forte, pois aqui o mal da Nogah deAssiyá domina a porta do pecado.
Shalosh Kelipot HaTme’ot (As Três Cascas Impuras)
Shalosh Kelipot HaTme’ot (três cascas impuras) é o nome do nível mais baixo entre as kelipot (cascas/forças de ocultação) — a encarnação do mal e da impureza no mundo. Diferente da Kelipat Nogah (casca do brilho), onde há mistura de bem e mal, as Shalosh Kelipot HaTme’ot são ra’ gamur (mal absoluto).
O trabalho do homem em relação a essas kelipot é hitalmut/hes’talkut (ignorá-las) ou shevirá u’bitul (quebrá-las e anulá-las) por completo. Não é possível levarer u’lezakech (refinar e purificar) essas kelipot, pois são más em sua própria essência. Somente no tempo da gueulá (redenção) elas se transformarão em kedushá (santidade). Também, quando uma pessoa faz teshuvá me’ahavá (retorno por amor), tem força para leha’alot (elevar) até elementos ligados a essas kelipot à santidade.
Destas três kelipot recebem vitalidade as nefashot ve’gufot shel ha’goyim (almas e corpos dos não judeus), e todos os itens proibidos: animais impuros, vegetais proibidos, bem como machshavá–dibur–maassê (pensamento, fala e ação) em assuntos proibidos.
Clalut Inyanam (caráter geral)
As três kelipot são aludidas na Merkavá (Visão da Carruagem) de Yechezkel: “ruach se’ará, anan gadol, esh mitlakachat, ve-nogah lo saviv” (um vento tempestuoso, uma grande nuvem e fogo flamejante, e um brilho ao redor). Nisso insinuam-se três graus de impureza:
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Ruach Se’ará (vento tempestuoso),
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Anan Gadol (grande nuvem),
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Esh Mitlakachat (fogo flamejante).
Pertencem às Shalosh Kelipot HaTme’ot: as nefashot dos gentios e a existência de seus corpos (exceto os Chasidei Umot HaOlam – justos das nações), as almas e a existência dos animais impuros, a vitalidade dos vegetais proibidos (p.ex., orlá, kil’ei ha’kerem), o poder para cometer transgressões em ato/fala/pensamento, e a tenuá shel ha’nefesh ha’ra’ah (impulso da alma má) que busca o pecado (o “querer” o pecado).
Há, porém, distinção entre:
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a makor ha’chayut (fonte da vitalidade) do objeto, e
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a peulá (ação) realizada por um judeu:
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Algo cujo makor é Kelipat Nogah pode lidrod (cair) às três kelipot se usado de forma proibida (ex.: comida permitida comida em Yom Kipur).
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E inversamente, algo de origem nas três kelipot pode, em casos-limite (p.ex., pikuach nefesh – risco de vida), lehit’aleh (elevar-se) à kedushá.
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Inyánan baSefirot (posição frente às sefirot)
A natureza específica de cada uma das três não é detalhada de forma definitiva nas fontes chassídicas; há indicações de que correspondam aos três yesodot (elementos) — esh (fogo), mayim (água) e ruach (ar) — do lado da kelipá (com afar – pó/terra incluído nelas). Outras tradições as relacionam:
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à tríade yamin–smol–emtza (direita–esquerda–meio), ou
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às tríades mochin–midot–malchut (intelectos–emoções–reino) do lado da kelipá.
Quanto à seder (ordem) entre elas, há diferentes explicações nas fontes (ordens invertidas em relação à kedushá, ou listagens diversas entre ruach/anan/esh).
Yenikat HaChitzonim (nutrição das forças externas)
Tudo no mundo é constantemente recriado pela chiyut Elokit (vitalidade divina). A diferença é que o que não é kelipá recebe vitalidade beratzon pnimi (por vontade interna), ao passo que as kelipot recebem ke-man de-shadi batar ketfai (como quem lança por detrás dos ombros) — de modo indireto e diminuto.
Duas exceções de como as kelipot “sugam” energia:
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Beribui Tzimtzumim (por multiplicidade de contrações) — a luz desce tanto que até elas recebem um resquício mínimo;
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Hagbaha ve’Chutzpá (elevação atrevida) — sobem “com atrevimento” ao domínio do Sovev Kol Almin (luz circundante) e extraem dali vitalidade.
Paradoxalmente, por descerem tão baixo, infere-se que, em sua raiz, a chispa que caiu nas três kelipot pode ter origem altíssima (“kol ha-gavoah yoter, nofel le-mata yoter” – quanto mais alto, mais baixo pode cair); por isso, quando é possível elevá-las (nos raros casos citados abaixo), a elevação é muito grande.
Apesar disso, as Shalosh Kelipot HaTme’ot são consideradas ra’ gamur (mal absoluto): a chispa nelas está tão obscurecida que se torna “como o próprio mal”, à maneira de “chatichá na’asit neveilá” (um pedaço torna-se “neveilá” por contaminação).
Hashpa’at Yisrael (influência de Israel)
A medida e o grau de fluxo que chega às kelipot dependem diretamente do comportamento de Yisrael. Se Israel cumpre Torá u’mitzvot, o influxo vai à kedushá; em caso de queda espiritual, abre-se margem para nutrição das kelipot — seja por taavot (apetites) que “puxam” o fluxo para baixo (caso 1), seja por gasut ha’ruach (arrogância), que “eleva” indevidamente as kelipot (caso 2).
Ha’ala’at Shalosh Kelipot HaTme’ot (elevação das três kelipot impuras)
Em regra, não se pode elevá-las (diferente da Kelipat Nogah). Ex.: alimento proibido não se eleva com berachá; está “assur” (atado) às kelipot.
A conduta adequada é dechiyá/shevirá (rejeição/quebra) — “sheviratan zehu taharatan” (quebrá-las é sua purificação). Por isso, na Amidá, na bênção “Ve-laMalshinim”, há pausa entre “ta’akor, teshaber, temager” e “ve-tachni’a”: as três primeiras aludem às três kelipot (que requerem desarraigar/quebrar/destruir), e “ve-tachni’a” refere-se à Kelipat Nogah (que é para subjugar).
Essa dechiyá é uma espécie de “achzariyut” (dureza necessária), pois rejeita-se a kelipá e, com ela, a chispa ali cativa — a fim de libertá-la.
A tikun (retificação) completa das três kelipot será apenas com a vinda do Mashiach, quando o mal desaparecerá e a morte será anulada.
Casos raros em que pode haver elevação já agora
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Teshuvá me’ahavá — os z’donot (faltas deliberadas) transformam-se em zechuyot (méritos); a sede por Deus, nascida do distanciamento, reverte a queda em preparo para a elevação.
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Pikuach nefesh (risco de vida) ou casos de bitul be-shishim (anulação haláchica) — o item proibido pode ser elevado pela necessidade/transformação legal.
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Limud chochmot chitzoniyot (estudos seculares) le-tzorech Torá — quando servem para entender melhor a Torá.
-
Guér tzedek (convertido justo) — eleva consigo as chispas que antes estavam nas kelipot.
Teshuvá me’ahavá — os z’donot (faltas deliberadas) transformam-se em zechuyot (méritos); a sede por Deus, nascida do distanciamento, reverte a queda em preparo para a elevação.
Pikuach nefesh (risco de vida) ou casos de bitul be-shishim (anulação haláchica) — o item proibido pode ser elevado pela necessidade/transformação legal.
Limud chochmot chitzoniyot (estudos seculares) le-tzorech Torá — quando servem para entender melhor a Torá.
Guér tzedek (convertido justo) — eleva consigo as chispas que antes estavam nas kelipot.
Umot HaOlam (Nações do Mundo)
Todos os descendentes da humanidade — filhos de Adam HaRishon (Adão, o primeiro homem), exceto Am Yisrael (o povo de Israel) — estão incluídos no conceito de Umot HaOlam (nações do mundo).
Além de serem chamados Bnei Adam (filhos de Adão), são também chamados Bnei Noach (filhos de Noé), já que todos os demais descendentes da humanidade foram destruídos no Mabul (dilúvio), restando apenas Noach e seus filhos.
Embora Adam HaRishon fosse obra direta de HaShem, e sua neshamá (alma) fosse literalmente chelek Eloka mi-ma’al mamash (uma porção da divindade), e ademais sua alma fosse uma alma klalit (geral) incluindo todas as neshamot Yisrael (almas de Israel) — que são a essência de sua descendência —, ainda assim, devido ao pecado da Etz HaDaat (Árvore do Conhecimento), nasceram dele também as Umot HaOlam, cujas nefashot (almas) provêm das kelipot (cascas) e da Sitra Achra (Outro Lado, força da impureza).
Os Povos e sua Fonte de Vitalidade
Como todos os seres criados, também as nações do mundo recebem sua existência do Shem Elokim (Nome Divino Elokim), cujo valor de gematria é ha-teva (a natureza), representando o aspecto de memalê kol almin (Aquele que preenche todos os mundos).
Sua criação, no entanto, vem por meio de múltiplas contrações (tzimtzumim) e ocultamentos, de modo que a luz divina que lhes dá vida vem de forma oculta e indireta.
A diferença em relação a Am Yisrael é que Israel tem sua raiz no or makif ha-elyon (luz circundante suprema, infinita), enquanto as nações têm origem nas quedas desse or makif, que permite a existência das kelipot.
Chassidei Umot HaOlam (Justos das Nações do Mundo)
Entre as nações, há distinções conforme a origem de suas almas.
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Aqueles cuja vitalidade vem do bem presente na Kelipat Nogah (casca de brilho, intermediária) podem se tornar Chassidei Umot HaOlam, os quais cumprem as Sheva Mitzvot Bnei Noach (sete leis de Noé).
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Sua função é comparada à dos malachim (anjos) no Olam HaAssiyá (mundo da Ação): por um lado, têm conexão com a santidade; por outro, sua função está limitada às influências materiais deste mundo.
Ainda que sua vitalidade venha de kelipá, ela é como a casca protetora do fruto — criada para servir ao fruto e protegê-lo — e não como casca que se opõe ao fruto.
As demais nações
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Há nações cuja vitalidade provém das Shalosh Kelipot HaTme’ot (três cascas impuras), más em essência, sem bem algum nelas, recebendo vitalidade apenas de forma makif (circundante, indireta).
-
Sobre elas está dito: “Kol ma de-avdin, le-garmayhu avdin” (tudo o que fazem, fazem apenas para si mesmos).
-
E também: “Chesed le-umot chatat” (a bondade das nações é pecado).
-
Mesmo assim, há distinções:
-
Algumas nações, apesar da idolatria, não são más em essência; são uma hitpashtut (extensão) do mal, e podem ser corrigidas se abandonarem a idolatria.
-
Outras, como Amalek, são o mal em essência, “reshit goyim” (o primeiro das nações), sem retificação possível, sendo decretado: “acharitó adei oved” (seu fim é o aniquilamento).
Há nações cuja vitalidade provém das Shalosh Kelipot HaTme’ot (três cascas impuras), más em essência, sem bem algum nelas, recebendo vitalidade apenas de forma makif (circundante, indireta).
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Sobre elas está dito: “Kol ma de-avdin, le-garmayhu avdin” (tudo o que fazem, fazem apenas para si mesmos).
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E também: “Chesed le-umot chatat” (a bondade das nações é pecado).
Mesmo assim, há distinções:
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Algumas nações, apesar da idolatria, não são más em essência; são uma hitpashtut (extensão) do mal, e podem ser corrigidas se abandonarem a idolatria.
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Outras, como Amalek, são o mal em essência, “reshit goyim” (o primeiro das nações), sem retificação possível, sendo decretado: “acharitó adei oved” (seu fim é o aniquilamento).
A Fé e o Intelecto nas Nações
Sua percepção espiritual limita-se ao nível de memalê kol almin (a luz que preenche os mundos), mas não alcançam o nível de sovev kol almin (a luz circundante infinita), que está acima da razão.
Por isso, como disseram os Sábios: “Chochmah bagoyim ta’amin, emunah bagoyim al ta’amin” – Sabedoria entre os gentios, creia; fé entre os gentios, não creia.
Exemplo: Paró reconheceu “etzba Elokim hi” (é o dedo de Deus) — aspecto de memalê — mas declarou: “Lo yadati et HaShem” (não conheço o Nome de HaShem/YHVH) — aspecto de sovev.
Bechirá (Livre-Arbítrio), Shachar veOnesh (Recompensa e Castigo)
As Umot HaOlam têm um certo grau de livre-arbítrio, em especial no cumprimento das Sheva Mitzvot Bnei Noach. Esse mandamento divino lhes dá mérito e responsabilidade, e por isso têm recompensa ou punição conforme seus atos.
Malchut HaGoyim (Reinos das Nações)
Toda autoridade humana é reflexo da Malchut HaShem (Realeza de Deus).
-
Um Melech Yisrael (rei de Israel), no tempo do Templo, expressava diretamente a soberania divina.
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Após o exílio, a malchut degoyim (realeza das nações) recebeu, em ocultamento, essa função, ainda que de forma limitada e proveniente das kelipot.
Por isso, a Halachá manda abençoar ao ver um rei, seja judeu ou não, reconhecendo que também sobre eles repousa um reflexo da soberania de Deus.
Umot HaOlam e a Gueulá (Redenção)
Na era da Gueulá, as nações também reconhecerão a soberania de Deus, cumprindo o versículo: “Vehayta la-Shem ha-meluchá” (E a realeza será de HaShem).
Hoje já se vê que as nações, em alguns casos, promovem justiça e bondade, preparando o mundo para a Gueulá verdadeira e completa.
Qelipáh (casca, invólucro)
A razão do nome Qelipáh é que o mal se assemelha à casca que cobre o fruto: envolve o interior, embora seja, em si mesma, apenas resíduo sem importância. Assim também a impureza e o mal se manifestam no mundo, ainda que não constituam a realidade autêntica, mas apenas um encobrimento sobre a realidade divina sagrada. Quando a Qelipáh é quebrada, revela-se a verdade e o bem presentes no mundo.
De forma geral, existem dois grandes níveis de Qelipót:
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Qelipat Nogáh (casca luminosa), na qual há mistura de bem e mal;
-
Shalosh Qelipot HaTme’ot (três cascas impuras), nas quais há apenas mal.
Sua natureza
Com a criação do mundo pelo Santo, bendito seja, e com o Tzimtzum (contração) da revelação divina, ocorreram diversos processos nos mundos espirituais. Entre eles, a chamada Shevirat HaKelim (quebra dos recipientes), em consequência da qual muitas luzes superiores passaram a servir em função oposta à da Qedusháh. Isto constitui a força da Sitra Aḥra (o “outro lado”) no mundo.
Sua função e propósito
O papel da Qelipáh é servir de ajuda ao judeu em sua avodáh (serviço divino), para trazer a revelação da divindade dentro do mundo material, conforme o desejo de HaShem de ter para Si uma diráh batachtonim (morada nos mundos inferiores).
Estrutura
As Qelipót existem em vários níveis. De forma geral, dividem-se em dois grupos principais:
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Gimel Qelipot HaTme’ot (três cascas impuras);
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Qelipat Nogáh.
Formação dos mundos das Qelipót
Na Qedusháh (santidade), quanto mais elevado é o nível, maior a revelação de luzes:
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No mundo de Atzilut brilham as dez Sefirot (incluindo Chochmá e todas as demais).
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Em Beriyáh já não se revela Chochmá, mas apenas Biná e as inferiores.
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Em Yetziráh revela-se apenas Ze’ir Anpin (as seis emoções).
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Em Asiyáh revela-se somente o aspecto de Ofan (os anjos-operadores).
No entanto, nos mundos da Qelipáh ocorre o inverso:
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Em “Atzilut da Qelipáh” há apenas as sete inferiores (Zayin Melachim Qadmain).
-
Em “Beriyáh da Qelipáh” já existem também Chochmá e Biná, correspondendo a Amon e Moav.
-
Em “Yetziráh da Qelipáh” aparece inclusive um aspecto de Kéter (referido como “Ant Hu Reisha deDehava”).
-
E em “Asiyáh da Qelipáh” encontra-se até mesmo um aspecto de Atiq Yomin (o Ancião de Dias) da Qelipáh, representando sua força máxima, de tal modo que é chamado “Atiq” por estar “removido” até mesmo das demais Qelipót, em razão da intensidade extrema de sua força.
Explicação da inversão
O exemplo da azeitona
Qelipot de Atzilut (קליפות דאצילות)
As Qelipot de Atzilut são as qelipot (cascas) do mundo de Atzilut (emanação), cujo conteúdo interno é totalmente bom, mas cuja exterioridade aparece como mal.
Seu sentido
O conteúdo interior dessas qelipot é santo em absoluto, sem nenhuma mistura de mal; mas em sua exterioridade manifestam-se como yeshut (autoafirmação), pirud (separação) e mal.
Como essa é precisamente a diferença entre o mundo de Atzilut, que é Elokut mamash (divindade em si mesma), e os mundos de Beriyáh, Yetziráh e Asiyáh, que são mundos de separação e autoafirmação, por isso, em sua exterioridade, chamam-se “qelipot”, mas em sua interioridade, chamam-se “Atzilut”.
Exemplo citado na Chassidut
O Talmud (Bava Batra 16a) relata que a intenção do Satán em acusar Iyov (Jó) era para que não se esquecesse a misericórdia de Avraham Avinu diante das boas ações de Iyov. Ou seja, sua intenção interior era puramente para o Céu e para o mérito de Israel — mas, na prática, suas ações expressaram acusação e mal.
Assim também é a natureza das Qelipot de Atzilut: interiormente, são completamente boas; exteriormente, revelam-se como oposição.
Seu lugar
No entanto, ainda assim recebem o nome Qelipot de Atzilut, e não “de Beriyáh”, porque as qelipot que pertencem a Beriyáh em si mesmas não têm interior totalmente bom; já as de Atzilut têm um interior completamente santo, orientado “para o Céu”.
Fontes
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Ver Derush “Vayachalom Vehinê Sulam” (1965).
-
Sobre Atzilut: “e nele não há mal algum”.
-
Sobre Beriyáh, Yetziráh e Asiyáh: eles se diferenciam conforme a medida de mal presente.
-
Bava Batra 16a.
-
Tehilim 5:5.
-
Etz Chaim, Sha’ar 48, cap. 2 (onde explica que isso corresponde ao “Kissé” [Trono], sobre o qual foi dito: “Ve’al haKissé demut kemar’ê adam” — “E sobre o trono havia a aparência como de um homem”, isto é, que o grau de Atzilut brilha nele em revelação).
Ver Derush “Vayachalom Vehinê Sulam” (1965).
Sobre Atzilut: “e nele não há mal algum”.
Sobre Beriyáh, Yetziráh e Asiyáh: eles se diferenciam conforme a medida de mal presente.
Bava Batra 16a.
Tehilim 5:5.
Etz Chaim, Sha’ar 48, cap. 2 (onde explica que isso corresponde ao “Kissé” [Trono], sobre o qual foi dito: “Ve’al haKissé demut kemar’ê adam” — “E sobre o trono havia a aparência como de um homem”, isto é, que o grau de Atzilut brilha nele em revelação).
Tum’á veSitra Aḥrá (טומאה וסטרא אחרא)
Sitra Aḥrá (lado outro, ou seja, o lado que não é kedushá — santidade) é um termo geral para toda realidade que não pertence à santidade — incluindo até mesmo divrei reshut (coisas neutras, de permissão).
Já Tum’á (impureza) é um termo particular que se aplica àquilo que se opõe à santidade de forma direta.
Sitra Aḥrá
Finalidade da sua criação
Assim, o desejo divino inclui tanto a criação do lado da kedushá quanto a criação do “outro lado” (Sitra Aḥrá).
Da Chitzoniyut HaRatzon (vontade externa)
No entanto, há uma grande diferença entre a vontade de Hashem na criação da kedushá e a sua vontade na criação das qelipot.
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A kedushá foi criada por uma vontade pnimít (interna), ou seja, é o que Ele quis “realmente”.
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Já as qelipot foram criadas apenas por uma vontade chitzonít (externa), isto é, de forma acessória — apenas para possibilitar a escolha.
Portanto, Hashem não deseja as qelipot em si mesmas, e quando cumprirem sua função, elas serão anuladas para sempre.
Duas categorias gerais
Qelipat Nogah (קליפת נוגה)
A fonte de todas as qelipot é a chamada quarta qelipá, denominada Qelipat Nogah, existente neste mundo físico (Olam HaAsiyá).
Em alguns lugares, Qelipat Nogah é chamada de Atzilut das qelipot — ou seja, sua relação com as três qelipot totalmente impuras é como a distância entre Olam HaAtzilut e os mundos de Beriyá, Yetzirá e Asiyá.
Como nela ainda existe uma mistura de bem, ela é um intermediário entre a kedushá e a tum’á.
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Quando a pessoa utiliza as coisas do mundo para a santidade, as centelhas de divindade se elevam junto com elas.
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Quando, ao contrário, usa para seu interesse próprio (mesmo em coisas permitidas), então:
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rebaixa essas centelhas às três qelipot impuras,
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ele mesmo desce com elas,
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e recebe vitalidade dessas qelipot, até que seu próprio corpo se torne um “vestimento e carroça” para elas — a menos que retorne em teshuvá.
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Shalosh Qelipot Hatme’ot (שלוש קליפות הטמאות)
Abaixo da Qelipat Nogah há uma outra parsa, mais grosseira, que separa entre Nogah e as três qelipot totalmente impuras.
Essas três são a fonte de vitalidade dos “setenta ministros” (forças espirituais que sustentam as nações), de onde recebem sua existência:
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todos os animais impuros,
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todos os alimentos proibidos,
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e as próprias terras das nações.
Kesíl HaElyón (כסיל העליון)
Kesíl HaElyón é a sensação de yeshút (ego, autoimportância) que a pessoa experimenta ao estudar chochmot chitzoniyot (sabedorias externas), sentindo-se elevada em relação aos outros que, em sua opinião, não sabem.
Nas Sefirot
A razão dessa queda é que o mundo de Tohu foi emanado no aspecto de metziut shel yesh (“existência de algo”), em contraste com o mundo de Tikun, emanado no aspecto de bitul (anulação) e hitkalelut (integração).
Por isso, até mesmo a Chochmá de Tohu — quando desceu aos mundos — foi rebaixada e caiu em Qelipat Nogah.
Esse nível está relacionado ao ocultamento e retirada da Biná, chamada Yovel e Alma de’Cheirut (“Mundo da Liberdade”), pois quando a luz da Biná se revela, não há espaço para que os chitzonim (forças externas) recebam nutrição. Apenas quando a Biná se oculta e restam apenas as middot (atributos emocionais), pode haver desvio e surgimento de middot negativas.
Na Avodat Hashem (serviço a Deus)
Uma pessoa que se torna uma merkavá (carroça, receptáculo) para o Kesíl HaElyón passa a se considerar superior aos outros, acreditando ser “chacham be’einav” (sábio aos seus próprios olhos).
Mesmo que isso seja verdade em certo sentido, no fim das contas esse sentimento de autoimportância se expande:
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primeiro em relação ao seu conhecimento,
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depois em relação a todas as suas ocupações,
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até que seus interesses pessoais se tornam mais importantes do que tudo.
A partir daí, pode chegar a desprezar qualquer coisa — até mesmo o próprio HaKadosh Baruch Hu — a ponto de chegar a falar durante a tefilá.
O Admor HaZaken ilustra isso com a parábola de um homem simples que recebe a rara oportunidade de encontrar o rei. Em vez de aproveitar o momento, ocupa-se com seus assuntos particulares. Com isso, demonstra que o encontro com o rei não tem valor para ele — importam-lhe mais as próprias necessidades.
Honáh baNefesh – Engano na Alma
O conceito de honáh baNefesh (הונאה בנפש – engano na alma) é que o yetzer hará (inclinação para o mal) seduz a pessoa a fazer o mal por meio do engano — isto é, apresentando o mal como se não fosse mal nenhum.
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quando alguém come leshem shamayim (לשם שמים – com intenção celestial), a energia vital do alimento se eleva e se inclui na Divindade;
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mas quando é comido por glutões de carne e vinho apenas para satisfazer os desejos do corpo e da nefesh habehemit (נפש הבהמית – alma animal), essa energia vital cai momentaneamente no mal absoluto.
Com base nisso, entende-se que pode haver aqui um aspecto de honáh (engano): já que realmente existe um lado de bem em Qelipat Nogah, é possível seduzir a pessoa com o argumento enganoso de que até o mal é, de certa forma, bem【1】.
Hayom Yom – 23 de Sivan
Resposta do meu avô — meu mestre e rabino — ao meu pai, numa yechidut (audiência privada) no inverno de 5635 (1875):
“O yetzer hará é chamado nefesh habehemit (alma animal) não porque seja literalmente um animal. Pois às vezes ele é como uma raposa, o mais astuto dos animais, e é preciso grande sabedoria para compreender suas artimanhas.
E às vezes ele se disfarça com o traje de um tzadik íntegro, humilde e possuidor de boas qualidades.
Nefesh
Este verbete trata da nefesh como designação geral para o aspecto espiritual no homem, incluindo a nefesh Elokit (alma divina) e a nefesh Behamit (alma animal), e não da parte específica da alma que também é chamada nefesh.
Estrutura da nefesh
Rambam e Ramban
Há uma controvérsia entre os grandes Rishonim se se trata de uma única alma com diferentes partes, ou de diversas almas separadas, cada uma com sua função própria.
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Rambam: é uma única alma, dividida em três funções.
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Ramban: são três almas distintas.
Essas três partes ou funções são chamadas:
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Nefesh Sechelít (alma intelectual),
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Nefesh Chiyunit (alma vital),
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Nefesh Tevaít (alma natural).
Na Chassidut
A Chassidut explica que o judeu possui duas almas:
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a Nefesh Behamit (alma animal), cuja raiz é na Klipat Nogá;
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a Nefesh Elokit (alma divina), que é literalmente “uma parte de Deus acima”.
Já o não-judeu possui apenas uma alma, a nefesh Behamit, que não provém da Klipat Nogá como no judeu, mas das três Klipot impuras.
Quando um convertido entra para o povo judeu, revela-se retroativamente que sua nefesh Behamit não era das três Klipot impuras como a dos demais gentios, mas sim da Klipat Nogá, como a dos judeus.
Graus da nefesh Elokit
No ser humano há cinco níveis da alma: nefesh, ruach, neshamá, chayah e yechidah (abreviado: נרנח"י).
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Três primeiros níveis (nefesh, ruach, neshamá): forças interiores do homem.
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Dois últimos (chayah, yechidah): forças circundantes (makifim).
Nefesh – o grau mais baixo da alma. Veste-se no corpo para vivificá-lo. Corresponde à letra ה׳ final do Nome Havayáh (Sefirá de Malchut).
Esses poderes não se revelam por si mesmos, apenas uma “irradiação” deles atua sobre as forças interiores.
Chayah – o quarto grau. Não se veste internamente, mas atua como makif próximo. Corresponde à letra י׳ do Nome Havayáh (Sefirá de Chochmá).
Yechidah – o quinto e mais elevado grau. Não se veste internamente, mas é um makif distante. Corresponde ao “coroa do י׳” do Nome Havayáh (Keter).
Klot HaNefesh (Extinção da alma)
Klot HaNefesh é o estado em que a alma deixa o corpo em consequência de uma ligação extraordinária com o Santo, bendito seja.
A Chassidut ensina que, embora tal ligação seja sublime, a intenção divina é que a alma permaneça no corpo e sirva a Deus juntamente com ele.
O primeiro episódio de klot hanefesh na Torá foi o dos filhos de Aarão, Nadav e Avihu, que, em sua elevação espiritual no serviço do Mishkan, chegaram ao ponto de saída da alma do corpo.
Yechidah
Sua essência
Ela é uma das duas forças “envolventes” (makifim) da alma (junto com a Chayah). Essas forças não podem se manifestar por si mesmas, mas apenas através de um brilho que anima as forças interiores. Porém, enquanto a Chayah é chamada “makif próximo”, a Yechidah é chamada “makif distante”.
Sua atuação
Por isso, a Yechidah existe apenas no lado da kedushá, na alma divina, e não existe equivalente na alma animal ou nas klipot. Isso está expresso nas palavras dos Sábios: “Bavua de’bavua leit lehu” (aos demônios falta a “sombra da sombra”) — ou seja, mesmo que nas klipot exista um aspecto de makif que se opõe à santidade, esse só pode se opor ao nível da Chayah, mas não ao da Yechidah, que não admite oposição.
Manifestações especiais
Existem tempos e situações em que a Yechidah brilha e se revela de forma particular:
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No Yom Kipur: neste dia a Yechidah se manifesta, e por isso até mesmo os transgressores de Israel são reunidos na sinagoga, pois a Yechidah da alma deles se revela. A partir dessa centelha, mesmo as faltas mais graves podem ser expiadas, já que a Yechidah nunca é atingida por nenhuma falha.
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Na Mesirut Nefesh (autossacrifício): quando um judeu entrega sua vida pela santificação do Nome, isso se dá pela revelação da Yechidah.
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Na aliança (brit): quando duas pessoas fazem um pacto, significa que suas almas se unem no nível da Yechidah, criando um vínculo essencial que nada pode romper — como a ligação entre David e Yonatan.
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Nas quatro amot (côvados) da pessoa: a lei determina que “as quatro amot de um homem lhe pertencem”. A explicação cabalística é que nelas se estende a Yechidah, e por isso ele adquire o que está nesse espaço.
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Na Era Messiânica: a principal revelação da Yechidah será na vinda do Mashiach. A alma do Mashiach é a Yechidah geral, que inclui todas as Yechidot de Israel. Quando se revelar, a Yechidah do Mashiach irradiará no mundo inteiro, trazendo vida eterna e revelação da pnimiyut haTorah, a dimensão da Yechidah na Torá.
Relação com a essência da alma
As Nações do Mundo
Todos os membros da humanidade — descendentes de Adão, com exceção do povo de Israel — estão incluídos no conceito de “Ummot HaOlam” (as nações do mundo). Além de serem chamados de “filhos do homem”, são também chamados de “Bnei Noach” (filhos de Noé), pois todos os demais descendentes de Adão foram destruídos no Dilúvio, exceto Noé e seus filhos.
Embora Adão tenha sido obra direta do Criador, e sua alma fosse uma centelha divina, abrangendo em si todas as almas de Israel — que são o principal e mais precioso de sua descendência — ainda assim, devido ao pecado da Árvore do Conhecimento, dele também nasceram as nações do mundo, cujas almas provêm das Klipot (cascas espirituais) e do Sitra Achra.
Todos os membros da humanidade — descendentes de Adão, com exceção do povo de Israel — estão incluídos no conceito de “Ummot HaOlam” (as nações do mundo). Além de serem chamados de “filhos do homem”, são também chamados de “Bnei Noach” (filhos de Noé), pois todos os demais descendentes de Adão foram destruídos no Dilúvio, exceto Noé e seus filhos.
Embora Adão tenha sido obra direta do Criador, e sua alma fosse uma centelha divina, abrangendo em si todas as almas de Israel — que são o principal e mais precioso de sua descendência — ainda assim, devido ao pecado da Árvore do Conhecimento, dele também nasceram as nações do mundo, cujas almas provêm das Klipot (cascas espirituais) e do Sitra Achra.
As nações e sua fonte de vitalidade
Assim como todas as criaturas da Terra, as nações têm sua origem no Nome Elokim, cujo valor numérico é “natureza” (haTeva), representando o nível de Memalê Kol Almin (a luz divina que preenche os mundos). Sua existência vem por meio de descidas e contrações sucessivas da luz, de modo oculto, com o Criador encoberto da criatura.
A diferença em relação a Israel: a raiz da alma do povo judeu é do Makif HaElyon (luz envolvente superior), que não se revela em interioridade. Só de um nível tão elevado pode haver queda suficiente para dar origem às Klipot, que são a fonte de vida das nações. Além disso, como não são recipientes aptos a receber luz divina internamente, só podem receber vitalidade do nível de makif, externo e não sentido internamente.
Assim como todas as criaturas da Terra, as nações têm sua origem no Nome Elokim, cujo valor numérico é “natureza” (haTeva), representando o nível de Memalê Kol Almin (a luz divina que preenche os mundos). Sua existência vem por meio de descidas e contrações sucessivas da luz, de modo oculto, com o Criador encoberto da criatura.
A diferença em relação a Israel: a raiz da alma do povo judeu é do Makif HaElyon (luz envolvente superior), que não se revela em interioridade. Só de um nível tão elevado pode haver queda suficiente para dar origem às Klipot, que são a fonte de vida das nações. Além disso, como não são recipientes aptos a receber luz divina internamente, só podem receber vitalidade do nível de makif, externo e não sentido internamente.
Justos entre as Nações (Chassidei Umot HaOlam)
Entre as nações, existem diferentes níveis:
-
Aqueles cujas almas vêm do bem contido na Klipat Noga — estes são os justos das nações, que cumprem as Sete Leis de Noé. Seu nível é comparado ao dos anjos do mundo de Assiyah (Ação): ainda que relacionados à santidade, sua função é apenas influenciar o mundo físico, de forma limitada.
-
Assim também os justos das nações recebem vitalidade do “bem da Klipat Noga”, uma casca que, como a casca de um fruto, serve para protegê-lo.
Entre as nações, existem diferentes níveis:
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Aqueles cujas almas vêm do bem contido na Klipat Noga — estes são os justos das nações, que cumprem as Sete Leis de Noé. Seu nível é comparado ao dos anjos do mundo de Assiyah (Ação): ainda que relacionados à santidade, sua função é apenas influenciar o mundo físico, de forma limitada.
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Assim também os justos das nações recebem vitalidade do “bem da Klipat Noga”, uma casca que, como a casca de um fruto, serve para protegê-lo.
Outras nações
Há povos cujas almas provêm das três Klipot impuras e totalmente más, sem qualquer bem. Seu sustento espiritual vem apenas de forma externa (makif). Por isso, “tudo o que fazem, fazem para si mesmos”, e “a benevolência das nações é pecado”: até seus atos de bondade são motivados por vaidade ou interesse.
Mesmo entre esses, há diferenças:
-
Alguns, apesar de idólatras, não são essencialmente maus, sendo apenas extensões do mal. Estes podem ser transformados e elevados, como os sete povos de Canaã, que, se abandonassem a idolatria, poderiam ser aceitos.
-
Outros são mal em essência, como Amalek, chamado “a primeira das nações”, sem possibilidade de retificação, sobre o qual está escrito “sua destruição será até o fim”.
Há povos cujas almas provêm das três Klipot impuras e totalmente más, sem qualquer bem. Seu sustento espiritual vem apenas de forma externa (makif). Por isso, “tudo o que fazem, fazem para si mesmos”, e “a benevolência das nações é pecado”: até seus atos de bondade são motivados por vaidade ou interesse.
Mesmo entre esses, há diferenças:
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Alguns, apesar de idólatras, não são essencialmente maus, sendo apenas extensões do mal. Estes podem ser transformados e elevados, como os sete povos de Canaã, que, se abandonassem a idolatria, poderiam ser aceitos.
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Outros são mal em essência, como Amalek, chamado “a primeira das nações”, sem possibilidade de retificação, sobre o qual está escrito “sua destruição será até o fim”.
Suas crenças e visões
Como sua vitalidade vem apenas de contrações e do nível de Memalê Kol Almin, sua compreensão de Deus é limitada: reconhecem apenas o Criador como força que dá origem ao mundo, mas não a dimensão infinita de Sovev Kol Almin.
Por isso, entre as nações:
-
Há os que negam totalmente a existência de Deus ou se rebelam conscientemente contra Ele, como Amalek.
-
Há os que reconhecem uma força superior, mas dizem que ela é “o Deus dos deuses”, demasiado elevada para se ocupar do mundo físico. Assim, atribuem a condução do mundo a astros e sistemas cósmicos.
-
Já os justos das nações reconhecem que o Criador governa e supervisiona o mundo, e por isso têm parte no Mundo Vindouro.
Segundo o Rema (Orach Chaim 156), mesmo os justos das nações não são proibidos de acreditar em “associação” (shituf), ainda que sejam proibidos de idolatria.
Como sua vitalidade vem apenas de contrações e do nível de Memalê Kol Almin, sua compreensão de Deus é limitada: reconhecem apenas o Criador como força que dá origem ao mundo, mas não a dimensão infinita de Sovev Kol Almin.
Por isso, entre as nações:
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Há os que negam totalmente a existência de Deus ou se rebelam conscientemente contra Ele, como Amalek.
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Há os que reconhecem uma força superior, mas dizem que ela é “o Deus dos deuses”, demasiado elevada para se ocupar do mundo físico. Assim, atribuem a condução do mundo a astros e sistemas cósmicos.
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Já os justos das nações reconhecem que o Criador governa e supervisiona o mundo, e por isso têm parte no Mundo Vindouro.
Segundo o Rema (Orach Chaim 156), mesmo os justos das nações não são proibidos de acreditar em “associação” (shituf), ainda que sejam proibidos de idolatria.
Livre-arbítrio, recompensa e castigo
As nações também possuem livre-arbítrio em dois aspectos:
-
Por serem humanos e racionais, menos limitados que animais, podem escolher seu caminho.
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Nas Sete Leis de Noé, receberam do Criador mandamentos que os elevam acima de sua natureza, conferindo-lhes real possibilidade de escolha.
Assim, são merecedores de recompensa ou punição:
-
Como consequência natural (causa e efeito, como a criança que se queima ao tocar água quente).
-
Como retribuição Divina por cumprir ou transgredir as mitsvot que lhes cabem.
As nações também possuem livre-arbítrio em dois aspectos:
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Por serem humanos e racionais, menos limitados que animais, podem escolher seu caminho.
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Nas Sete Leis de Noé, receberam do Criador mandamentos que os elevam acima de sua natureza, conferindo-lhes real possibilidade de escolha.
Assim, são merecedores de recompensa ou punição:
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Como consequência natural (causa e efeito, como a criança que se queima ao tocar água quente).
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Como retribuição Divina por cumprir ou transgredir as mitsvot que lhes cabem.
A realeza das nações
A autoridade real entre as nações também tem raiz espiritual: cada reino é sustentado por um “príncipe” espiritual, como o de Esaú, Ismael, Egito etc.
Na prática, a realeza humana é reflexo da realeza divina. Por isso, mesmo reis das nações recebem uma medida da honra divina, e há bênçãos específicas ao vê-los. No entanto, distingue-se entre reinos de Klipat Noga (que podem se submeter à vontade divina) e reinos de mal absoluto (pelas três Klipot impuras), cuja destruição é pedida diariamente nas orações.
A autoridade real entre as nações também tem raiz espiritual: cada reino é sustentado por um “príncipe” espiritual, como o de Esaú, Ismael, Egito etc.
Na prática, a realeza humana é reflexo da realeza divina. Por isso, mesmo reis das nações recebem uma medida da honra divina, e há bênçãos específicas ao vê-los. No entanto, distingue-se entre reinos de Klipat Noga (que podem se submeter à vontade divina) e reinos de mal absoluto (pelas três Klipot impuras), cuja destruição é pedida diariamente nas orações.
As Nações e a Redenção
→ Verbete ampliado: As Nações do Mundo no tempo da Redenção
Hoje em dia, muitas nações agem de modo a expressar bondade e fé em um Criador, preparando o mundo para a redenção final, quando se cumprirá: “E a realeza será do Eterno”.
Enquanto no passado somente Israel realizava plenamente a intenção divina de fazer do mundo uma morada para Ele, hoje já se percebe um movimento entre as nações, através de ações de caridade e educação, que contribuem para essa preparação.
→ Verbete ampliado: As Nações do Mundo no tempo da Redenção
Hoje em dia, muitas nações agem de modo a expressar bondade e fé em um Criador, preparando o mundo para a redenção final, quando se cumprirá: “E a realeza será do Eterno”.
Enquanto no passado somente Israel realizava plenamente a intenção divina de fazer do mundo uma morada para Ele, hoje já se percebe um movimento entre as nações, através de ações de caridade e educação, que contribuem para essa preparação.
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